O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) iniciou o desenvolvimento de uma metodologia inédita no Brasil para certificar oficialmente a madeira engenheirada, material que vem ganhando protagonismo em projetos arquitetônicos por unir resistência, leveza, versatilidade e baixa emissão de carbono.
Até agora, construtoras, indústrias moveleiras e fabricantes brasileiros precisavam recorrer a certificadoras estrangeiras para validar seus produtos. Com a proposta do Programa de Certificação Nacional da Madeira Engenheirada, essa realidade está prestes a mudar, colocando o Brasil em sintonia com os países mais avançados na utilização desse recurso renovável.
Rigor técnico aliado à inovação sustentável
A proposta do Tecpar é ambiciosa: criar uma metodologia de certificação que una confiabilidade técnica, segurança estrutural e compromissos socioambientais, adaptada à realidade brasileira, mas com respaldo internacional. O projeto se inspira nas experiências bem-sucedidas de países como Áustria, Suécia e Canadá — nações que há anos incorporam a madeira engenheirada em edifícios, escolas e até arranha-céus.
Mais do que um selo de qualidade, a certificação busca eliminar gargalos que ainda travam o avanço do material no mercado interno, como a falta de padronização, a insegurança jurídica e as barreiras técnicas para exportação. Assim, ao propor um sistema reconhecido oficialmente, o Tecpar não apenas responde a uma demanda do setor, como também antecipa o crescimento do uso da madeira engenheirada como alternativa concreta ao concreto armado e ao aço.
Um novo cenário para a construção civil brasileira
A madeira engenheirada é resultado do processamento industrial de peças naturais, que passam por seleção mecânica e visual, ganhando mais resistência e durabilidade. Entre seus benefícios destacam-se a velocidade de execução das obras, redução de resíduos, baixo peso estrutural — que facilita o transporte — e o baixo impacto ambiental, uma vez que é produzida a partir de florestas de reflorestamento que capturam carbono da atmosfera.
A aposta do governo do Paraná na madeira engenheirada é tão concreta que o material foi escolhido como base estrutural do novo Planetário do Parque da Ciência Newton Freire Maia, em Pinhais — projeto que será o maior e mais moderno da América Latina. Além do apelo visual, o uso do material no planetário reduz custos, diminui resíduos e reforça o compromisso com a sustentabilidade.
Certificação como motor da competitividade industrial
Ao alinhar inovação tecnológica com normas ambientais, o selo de certificação promete impulsionar o setor madeireiro paranaense em três frentes: mercado interno, exportações e fortalecimento da bioeconomia. O protocolo será aplicado não apenas em produtos estruturais usados na construção civil, mas também em derivados utilizados na indústria de móveis e design. A rastreabilidade e a conformidade técnica desses materiais abrirão portas em mercados internacionais mais exigentes, além de facilitar sua aceitação em grandes projetos urbanos e institucionais.
A proposta também contempla impactos socioeconômicos relevantes. Com a adoção mais ampla da madeira engenheirada, a expectativa é que aumente a geração de empregos qualificados, estimule a industrialização verde e valorize práticas como o manejo florestal responsável — reforçando o papel do Paraná como polo de inovação sustentável na América Latina.
Integração com ciência e indústria
Desde 2024, o Tecpar integra o NAPI Wood Tech — Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação focado em madeira tecnológica — e vem participando de missões internacionais para ampliar o domínio técnico sobre o tema. Em uma dessas ações, representantes do Governo do Estado e do setor produtivo visitaram a Suécia e a Áustria para conhecer de perto os avanços na aplicação da madeira engenheirada em grandes obras.