Apesar da redução no volume ofertado em relação ao mês anterior, o tomate surpreendeu o mercado com uma forte queda nos preços médios em agosto. De acordo com o 9º Boletim Prohort, publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o fruto registrou uma desvalorização média de 19,86%, contrariando a expectativa de alta em função da menor disponibilidade nas centrais de abastecimento.
A pesquisa, que acompanha o comportamento dos principais produtos hortifrutigranjeiros comercializados nas Ceasas brasileiras, apontou que o movimento de recuo foi disseminado entre os centros analisados. O boletim considera as cinco frutas e cinco hortaliças de maior relevância na formação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e no volume comercializado em nível nacional.
Além do tomate, outras hortaliças também acompanharam a tendência de retração nos preços. A cebola, por exemplo, teve o terceiro mês consecutivo de baixa e encerrou agosto com uma queda média de 10,5%. A maior desvalorização foi observada na Ceasa de Vitória (ES). O comportamento, segundo a Conab, reflete uma combinação de fatores: pulverização da produção, oferta abundante e demanda enfraquecida.
A batata também apresentou queda em sua média ponderada, com retração de 6,55% frente a julho. O número torna-se ainda mais significativo quando comparado a agosto de 2024, quando os preços estavam inflacionados devido aos impactos climáticos no início daquele ano. Atualmente, os valores médios estão 53,62% mais baixos em relação ao mesmo período do ano anterior.
Entre os produtos folhosos, a alface também teve comportamento descendente, com preços 8,77% inferiores na média. A maior baixa foi registrada na Ceasa de Recife (PE), com queda de 30,8%. Mesmo com menor volume comercializado, a combinação entre clima adverso nas regiões produtoras e qualidade reduzida colaborou para o recuo nos valores.
Por outro lado, nem todas as hortaliças seguiram esse padrão. A cenoura teve alta de 19,92%, sustentada pela menor oferta nos entrepostos atacadistas. Os envios das lavouras de São Paulo e Minas Gerais, que representam cerca de 30% da oferta nacional, caíram 10% em relação ao mês anterior, pressionando os preços para cima.
Frutas mantêm movimento misto, com destaque para o mamão
Entre as frutas, o destaque de queda foi o mamão, com retração de 16,34% na média ponderada. O aumento de oferta nas Ceasas foi impulsionado pela elevação das temperaturas, que aceleraram o amadurecimento dos frutos nas regiões produtoras, provocando maior disponibilidade nos centros de distribuição.
A laranja também apresentou leve baixa de 2,07%, embora algumas praças tenham registrado reação nos preços. Segundo a Conab, o comportamento reflete tanto o aumento na colheita quanto a elevação da demanda, típica de períodos mais quentes.
Já a maçã, a banana e a melancia contrariaram a tendência geral e encerraram agosto com altas. No caso da maçã, o crescimento da demanda, principalmente a partir da segunda quinzena do mês, sustentou uma variação positiva de 2,58%. A banana teve alta de 5,94%, atribuída à menor produção da variedade prata — impactada pelas temperaturas mais baixas em julho — e por perdas na variedade nanica causadas por um ciclone em Santa Catarina, que afetou diretamente os bananais da região.
A melancia teve a maior elevação entre as frutas analisadas, com aumento médio de 20,59%. Curiosamente, isso ocorreu mesmo com o acréscimo da oferta. A justificativa, segundo a Conab, está no adiamento da colheita em Uruana (GO), principal polo fornecedor do país, que visava preços mais vantajosos. Além disso, a boa qualidade das frutas e o calor favoreceram a comercialização.
Exportações seguem em alta, apesar de obstáculos
Mesmo com oscilações internas nos preços, as exportações de frutas brasileiras seguem em expansão. Entre janeiro e agosto de 2025, o país enviou ao exterior 713,01 mil toneladas, representando um crescimento de 28% no volume frente ao mesmo período de 2024. A receita obtida também subiu, totalizando US$ 841,41 milhões, alta de 15%.
No entanto, o desempenho positivo no ano teve um freio nos últimos meses devido à política tarifária dos Estados Unidos, que afetou especialmente manga e uva — produtos importantes para o setor exportador. Mesmo com a exclusão de algumas frutas das medidas protecionistas, o impacto já havia sido sentido em mercados estratégicos, como o norte-americano, e provocou ajustes no ritmo de exportação.
A Conab ressalta que, apesar desses desafios, o mercado externo ainda mostra-se promissor, especialmente com a boa aceitação de safras brasileiras na Europa e na Ásia, onde o padrão de qualidade e a constância da oferta têm sido diferenciais competitivos.