O reencontro de animais silvestres com seu habitat natural ganha um novo capítulo no Paraná. Desde agosto, o Instituto Água e Terra (IAT) colocou em vigor uma nova instrução normativa que amplia os espaços disponíveis para a soltura de fauna resgatada, permitindo que propriedades privadas — rurais ou urbanas — integrem a rede de acolhimento ambiental. Trata-se do Cadastro Voluntário de Áreas de Soltura de Animais Silvestres (ASAS), uma medida que, além de otimizar o processo de reintegração, fortalece o vínculo entre sociedade e natureza.
A iniciativa surge como resposta à crescente demanda por locais seguros para receber animais vitimados pelo tráfico, atropelamentos, queimadas e outros impactos humanos. Com a nova norma, qualquer cidadão ou empresa pode oferecer seu terreno como abrigo temporário para essas espécies em reabilitação, desde que o espaço tenha condições ambientais adequadas — como vegetação nativa, presença de água e isolamento de riscos urbanos.
Um processo mais eficiente e seguro para a fauna
Antes da mudança, os proprietários interessados precisavam reunir uma série de dados técnicos sobre suas áreas, o que dificultava o engajamento. Agora, essa responsabilidade de avaliação recai sobre o próprio IAT, que conduz as vistorias e verifica a compatibilidade ecológica da região com a fauna a ser devolvida. A medida torna o processo mais acessível e assertivo, permitindo que os animais retornem com segurança a áreas próximas de onde foram resgatados — um fator essencial para sua readaptação à vida livre.

Além de evitar o deslocamento para biomas distintos, o retorno à origem reduz o estresse natural do processo de soltura. Mesmo sendo um momento simbólico e emocionante, a libertação representa uma etapa crítica para o animal, que precisa se reorientar, buscar abrigo e alimento, e evitar predadores. Por isso, a escolha do local deve ser precisa e planejada, respeitando o ecossistema original da espécie.
Preservação ambiental começa no quintal
Com a regulamentação do cadastro de áreas voluntárias, o Paraná dá um passo à frente na conservação integrada, aproximando a proteção da biodiversidade do cotidiano das pessoas. Quem participa da iniciativa não apenas contribui para a reintrodução da fauna nativa, mas também se insere num processo educativo contínuo. Ao ver um tamanduá, um ouriço ou até mesmo um papagaio voltar à natureza, o proprietário da área se torna parte ativa da reconstrução ecológica local.
As áreas cadastradas funcionam como aliadas dos centros de triagem e tratamento da fauna silvestre, aliviando a pressão sobre os poucos locais que, até então, recebiam os animais prontos para o retorno. Após passarem por cuidados veterinários e reabilitação, as espécies são direcionadas a esses novos pontos de soltura, ampliando as possibilidades de reintegração e, ao mesmo tempo, distribuindo os impactos com mais equilíbrio.