Resumo
- A revista The Economist elogiou as políticas ambientais do Brasil sob o governo Lula, destacando a redução no desmatamento da Amazônia e o papel ativo do Estado na fiscalização.
- O editorial apontou a combinação de repressão a crimes ambientais e incentivos como chave para o sucesso brasileiro, defendendo que esse modelo seja replicado em outros países tropicais.
- A regularização fundiária é vista como essencial para controlar o desmatamento, permitindo punir quem degrada e recompensar quem conserva a floresta.
- A publicação britânica também reconheceu o protagonismo das terras indígenas na preservação ambiental e o uso de tecnologias de monitoramento como ferramentas eficazes.
- Por fim, defendeu que países ricos devem financiar a conservação das florestas, mas criticou a resistência global e a lentidão na consolidação dos mercados de carbono.
As florestas tropicais, consideradas essenciais para a regulação climática global, têm sido alvo de degradação constante. No entanto, o Brasil começa a se destacar como um exemplo positivo nesse cenário. Em editorial publicado no dia 23 de outubro, a revista The Economist elogiou a condução das políticas ambientais brasileiras sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e defendeu que outras nações com vegetação nativa tropical deveriam seguir caminhos semelhantes.
Segundo a publicação, o governo brasileiro tem demonstrado que é possível conter o desmatamento com uma combinação eficiente de fiscalização, responsabilização e incentivos. A estratégia, conduzida principalmente pelos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, tem como base o fortalecimento institucional de órgãos ambientais, a repressão ao crime ambiental e a valorização das comunidades tradicionais como guardiãs da floresta.
Políticas públicas eficazes e ação federal coordenada
Durante o governo anterior, o desmatamento avançou de forma descontrolada, enfraquecendo estruturas de controle e promovendo um discurso que antagonizava o ambientalismo com o desenvolvimento. Em contrapartida, aponta o editorial, a atual gestão retomou o protagonismo ambiental do país e aplicou medidas mais equilibradas.
Destaque é dado à atuação de agentes federais que, armados e organizados, têm atuado de forma rigorosa para desmobilizar garimpos ilegais e prender madeireiros em áreas de preservação. Além disso, propriedades flagradas em crimes ambientais têm perdido acesso a crédito rural subsidiado, o que representa um desestímulo econômico direto à destruição florestal.
Essa atuação mais severa se alia a um esforço de reconstrução das políticas públicas desmanteladas nos anos anteriores, o que inclui desde a recomposição do orçamento ambiental até a retomada do monitoramento por satélite — tecnologia crucial que permite identificar focos de desmatamento em poucos dias e acionar as autoridades com rapidez.
Regularização fundiária como pilar da conservação
Um dos pontos mais relevantes destacados pela The Economist diz respeito à confusão jurídica em torno da posse da terra na Amazônia. Segundo o editorial, a regularização fundiária promovida pelo Brasil é uma peça central no combate ao desmatamento.
Ao estabelecer com clareza quem são os proprietários de cada porção de terra, o Estado consegue responsabilizar quem destrói e recompensar quem preserva. Esse modelo, para a revista, deveria ser replicado por outros países tropicais, que muitas vezes enfrentam o mesmo desafio de sobreposição de títulos e ausência de documentação oficial.
Além disso, o governo brasileiro tem reforçado a proteção aos territórios indígenas — reconhecidamente os mais preservados do ponto de vista ambiental. A defesa dos direitos desses povos não é apenas uma questão humanitária, mas também uma estratégia inteligente de conservação de longo prazo.
Financiamento internacional: um desafio ainda em aberto
Apesar do sucesso brasileiro, o editorial aponta um obstáculo que persiste: o financiamento externo para políticas de preservação. Embora exista um consenso de que conservar as florestas tropicais seja um bem público global, o apoio financeiro por parte dos países ricos tem sido limitado e, por vezes, simbólico.
The Economist defende um modelo direto de pagamento por resultados, utilizando imagens de satélite para verificar a efetividade das ações de conservação. Governos que conseguirem comprovar a redução do desmatamento poderiam receber recursos de forma transparente e direta. O Brasil, inclusive, tem tentado mobilizar interesse internacional por esse formato — um esforço que, até o momento, ainda enfrenta resistência.
Além disso, os mercados de carbono seguem em ritmo lento, dificultando a monetização dos serviços ambientais prestados por países como o Brasil. A dificuldade em mensurar o impacto real das ações e em garantir transparência nos projetos ainda impede que esse mecanismo se torne uma solução efetiva.
Um exemplo global em um momento crítico
O editorial conclui que o Brasil oferece ao mundo uma prova concreta de que é possível conter o desmatamento sem comprometer o desenvolvimento. Pelo contrário: ao proteger a Amazônia, o país também protege seu próprio futuro agrícola, hídrico e climático.
A mensagem da The Economist é clara: preservar florestas tropicais exige vontade política, tecnologia, coerência institucional e, acima de tudo, comprometimento real. Nesse cenário, o Brasil reaparece como protagonista de uma agenda ambiental cada vez mais estratégica para o planeta.



