Cachoeiras monumentais, montanhas que desafiam os aventureiros, florestas que escondem espécies ameaçadas e refúgios que resgatam tradições culturais. Os parques estaduais do Paraná formam um mosaico de biodiversidade e experiências que encantam quem se permite atravessar as trilhas, os mirantes e os caminhos do passado.
Hoje, 28 Unidades de Conservação geridas pelo Instituto Água e Terra estão abertas à visitação, cada uma com suas particularidades geográficas, ecológicas e históricas. Algumas guardam recordes impressionantes, outras revelam delicadezas quase invisíveis — mas todas compartilham a missão de preservar o patrimônio natural e conectar pessoas à natureza.
Vila Velha: arenitos milenares e tradição tropeira
Em Ponta Grossa, o Parque Estadual de Vila Velha é a unidade de conservação mais antiga do Paraná e também uma das mais simbólicas. Criado em 1953, o parque é conhecido pelas formações de arenito que se ergueram ao longo de 600 milhões de anos, esculpidas pelo vento e pela água, criando figuras que desafiam a imaginação.
O cenário, que também abriga as famosas Furnas e a Lagoa Dourada, atrai tanto turistas quanto pesquisadores. Recentemente incluído na plataforma Natural Parks, da Embratur, Vila Velha se posiciona como referência de geoturismo e ecoturismo internacional. Em meio aos Campos Gerais, a unidade conserva espécies emblemáticas como o lobo-guará e a jaguatirica, além de manter viva a memória dos tropeiros que cruzaram essas terras.
Ilha das Cobras: natureza preservada em pleno litoral
Na Baía de Paranaguá, o Parque Estadual Ilha das Cobras destaca-se por sua localização estratégica e sua história peculiar. Criado em 2018, possui 52 hectares que conservam um fragmento vital de Mata Atlântica e servem como área de descanso para tartarugas marinhas.

A ilha, que já foi casa de veraneio de governadores, está sendo reestruturada para abrigar a Escola do Mar — um espaço voltado à educação ambiental e à valorização dos saberes caiçaras, aliando pesquisa científica e cultura tradicional.
Pico do Marumbi: o berço do montanhismo nacional
Maior parque estadual aberto à visitação no Paraná, o Parque Estadual Pico do Marumbi abrange 8.745 hectares entre Morretes, Piraquara e Quatro Barras. Considerado o berço do montanhismo brasileiro, abriga picos imponentes como o Olimpo, com 1.539 metros, e paisagens que misturam floresta densa, quedas d’água e trechos da histórica ferrovia Paranaguá–Curitiba.
O acesso gratuito e o horário estendido favorecem tanto visitantes casuais quanto escaladores experientes, que encontram ali uma das rotas mais desafiadoras e belas do país.
Bosque do Papa: tradição polonesa no coração da capital
Na contramão da imensidão natural, o Bosque Papa João Paulo II, em Curitiba, é a menor das Unidades de Conservação abertas à visitação. Com apenas 4,8 hectares, o espaço abriga uma vila de casas de tronco típicas da cultura polonesa, além de exposições permanentes sobre artesanato, agricultura e religião.
Inaugurado em 1980 em homenagem ao Papa João Paulo II, o bosque é um espaço de memória, fé e identidade, reunindo a Capela da Virgem Negra de Czestochowa e os delicados ovos pintados à mão conhecidos como pêssankas.
Cabeça do Cachorro: floresta preservada no Oeste
Em São Pedro do Iguaçu, no Oeste paranaense, o Parque Estadual Cabeça do Cachorro chama a atenção não só pela vegetação exuberante, mas também pelo nome curioso, inspirado no formato da área visto do alto. São 126 hectares de Floresta Estacional Semidecidual Submontana — um dos últimos remanescentes da região — protegidos desde sua criação como área de relevante interesse ecológico.

A entrada é gratuita e o horário de funcionamento permite que os visitantes explorem as trilhas e observem a fauna local em meio a uma vegetação pouco comum em outras partes do estado.
Salto São Francisco: a cachoeira mais alta do Sul do Brasil
Entre Guarapuava, Prudentópolis e Turvo, o Parque Estadual Salto São Francisco da Esperança abriga um dos maiores espetáculos naturais do país: uma cachoeira com 196 metros de queda livre, considerada a mais alta da região Sul.

O parque combina trilhas, mirantes e uma atmosfera de imponência moldada pela água e pela mata atlântica. Sua geografia reforça a diversidade aquática das Unidades de Conservação do estado, assim como ocorre na Ilha do Mel, onde praias e formações rochosas revelam outra faceta da natureza paranaense.
Pico Paraná: o gigante do Sul
Com 1.877 metros de altitude, o Pico Paraná é a maior montanha da Região Sul do Brasil e também o coração do parque estadual que leva seu nome. Localizado entre Campina Grande do Sul e Antonina, a unidade atrai montanhistas e aventureiros de todo o país, com trilhas exigentes e paisagens imersas na Serra do Ibitiraquire.
A portaria funciona 24 horas por dia e o acesso é gratuito, o que faz do local um verdadeiro santuário para quem busca conexão com a altitude, o verde e os sons da floresta.



