Durante muito tempo, a imagem da pesca esportiva esteve associada a um universo essencialmente masculino — redes, varas, barcos e troféus eram, em sua maioria, conquistados por homens. Entretanto, o cenário começou a mudar. A cada temporada, mais mulheres ocupam seus lugares nos barcos, nos torneios e nos bastidores desse esporte apaixonante, promovendo uma transformação silenciosa e irreversível.
Se antes a pesca era considerada um hobby de pai e avô, hoje ela se reinventa na pele de mulheres que aliam técnica, entusiasmo e espírito competitivo. A presença feminina deixou de ser exceção para se tornar parte ativa e influente do crescimento da modalidade no país. Em torneios, projetos sociais e até na audiência de programas especializados, elas mostram que entendem – e muito – do assunto.
Torneios femininos ganham força nas águas brasileiras
O aumento da participação feminina na pesca esportiva não ocorre por acaso. Iniciativas que visam criar espaços seguros, acolhedores e competitivos para as mulheres têm surgido em várias partes do país. Um dos maiores exemplos é o Anzol Rosa, considerado o maior torneio de pesca embarcada voltado exclusivamente para mulheres na América Latina. O evento vai muito além da competição: representa uma celebração da força feminina e da união entre pescadoras de diferentes regiões.
Além dele, outras ações como Girls Fishing, Elas Pescando e o Circuito Rainhas do Araguaia ampliam as possibilidades de atuação, estimulando não apenas o espírito esportivo, mas também a construção de uma comunidade vibrante. Não à toa, a primeira edição do circuito no Araguaia reuniu 270 participantes, enquanto a segunda repetiu o feito, provando que o protagonismo feminino não é tendência, mas realidade.
Um novo olhar sobre a pesca esportiva
Essa transformação também ecoa nas grandes competições nacionais. O Campeonato Brasileiro em Pesqueiro (CBP), um dos maiores do segmento no país, foi palco de um momento emblemático: pela primeira vez, uma dupla exclusivamente feminina chegou à final do torneio, deixando claro que habilidade não tem gênero. O feito representou mais do que uma conquista esportiva — foi uma virada simbólica, capaz de inspirar outras mulheres a ocuparem esse espaço sem medo.
Ao mesmo tempo, a mídia especializada passou a dar mais visibilidade para essas mudanças. A Fish TV, principal canal do segmento no Brasil, foi responsável por romper uma importante barreira ao lançar o programa Elas na Pesca. Apresentado por uma mulher, o programa trouxe não apenas representatividade, mas também um novo tipo de narrativa, mais inclusiva e identificável para milhares de novas pescadoras.
Crescimento que se reflete na audiência
Os reflexos dessa presença feminina vão além dos lagos e rios. Eles também aparecem nos dados. Se no passado apenas 7% da audiência da Fish TV era composta por mulheres, atualmente elas já representam mais de 40% do público. Essa mudança evidencia não apenas um interesse crescente, mas também a identificação com uma prática que passou a ser representada por vozes, rostos e trajetórias femininas.
E isso tem um efeito cascata. Quando mais mulheres são vistas pescando, mais outras se sentem convidadas a experimentar. O ciclo de inspiração e participação se retroalimenta, mostrando que a pesca esportiva tem espaço de sobra para todos — e todas.