Resumo
- A primavera marca o período reprodutivo de diversas espécies silvestres no Paraná, como urubu-preto, carcará e gambá, que se aproximam das áreas urbanas em busca de abrigo e alimento.
- O IAT alerta para que a população não interfira em ninhos, pois a retirada ou realocação dos animais é proibida por lei e pode causar comportamentos defensivos.
- Os gambás, por estarem mais lentos ao carregar filhotes, ficam vulneráveis a atropelamentos; porém, são inofensivos e essenciais para o equilíbrio do ecossistema.
- Interações diretas com animais silvestres devem ser evitadas; em caso de risco, o ideal é acionar o Setor de Fauna do IAT ou a Polícia Ambiental.
- O programa CRIA permite que voluntários auxiliem nos cuidados de filhotes órfãos, promovendo educação ambiental e preservação da fauna nativa.
Com a chegada dos dias mais quentes e o florescimento da primavera, a natureza entra em um ciclo intenso de reprodução e renovação. No Paraná, esse período coincide com a fase reprodutiva de diversas espécies da fauna silvestre. Para garantir o equilíbrio dos ecossistemas e evitar conflitos com a população, o Instituto Água e Terra (IAT), vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), reforça o pedido de convivência pacífica com os animais, que se tornam mais ativos e vulneráveis nesta época do ano.
Entre as espécies que mais se destacam no período estão o urubu-preto (Coragyps atratus), o carcará (Caracara plancus) e o gambá (Didelphis sp.), todos com importante papel ecológico e grande capacidade de adaptação ao ambiente urbano.
Nas cidades, é comum observar o comportamento reprodutivo dessas aves em locais pouco convencionais. O urubu-preto, por exemplo, costuma escolher áreas elevadas e seguras para depositar seus ovos — como sacadas, varandas e telhados. Cada ninhada pode ter dois filhotes, com período de incubação entre 32 e 39 dias. Já o carcará, conhecido pela imponência e pelo olhar atento, busca pontos estratégicos, como caixas de ar-condicionado, floreiras e coberturas, onde possa vigiar o território e proteger os filhotes.
O IAT orienta que, ao identificar um ninho, não se tente removê-lo ou interferir no espaço, já que qualquer tentativa de manipulação é proibida por lei e pode causar comportamento defensivo nas aves. A recomendação é utilizar barreiras físicas, como telas, caso seja necessário restringir o acesso aos locais, sempre de forma segura e sem causar estresse aos animais. Se houver risco à segurança, o morador deve contatar a secretaria municipal de Meio Ambiente, a Polícia Ambiental ou o Setor de Fauna do IAT.
Entre os mamíferos, o gambá é um dos que mais sofrem durante o período reprodutivo. As fêmeas, ao carregarem os filhotes nos marsúpios — bolsas naturais localizadas no abdômen —, tornam-se mais lentas e vulneráveis, especialmente nas travessias urbanas. A busca por alimento e abrigo as leva a circular em áreas movimentadas, o que aumenta o risco de atropelamentos e acidentes.
Apesar de sua aparência causar estranhamento em algumas pessoas, o gambá é inofensivo e extremamente benéfico ao meio ambiente. Ele atua como controlador natural de pragas, alimentando-se de escorpiões, aranhas e serpentes, além de contribuir para a dispersão de sementes ao consumir frutos, favorecendo o crescimento de novas árvores. A orientação do IAT é simples: não tente afugentar ou capturar o animal. Basta permitir que ele siga seu caminho.
Durante o ciclo reprodutivo, qualquer forma de interação direta com a fauna silvestre deve ser evitada. É proibido perseguir, capturar ou alimentar animais nativos. Além do risco de transmissão de doenças, esse contato altera o comportamento natural das espécies e pode gerar desequilíbrios ecológicos.
Caso um animal represente ameaça ou esteja ferido, o procedimento correto é entrar em contato com o Setor de Fauna do IAT ou com o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA). As denúncias podem ser realizadas de forma anônima pelo Disque Denúncia 181, canal que garante segurança e sigilo ao cidadão. As equipes técnicas são responsáveis por avaliar a situação e adotar as medidas adequadas para proteger tanto os animais quanto a comunidade.
Desde 2020, o Programa de Voluntariado para Cuidados e Reabilitação Intensiva de Animais Silvestres (CRIA), desenvolvido pelo IAT, oferece à população uma forma segura de contribuir com a preservação da fauna. O projeto capacita voluntários para atuar no resgate e cuidado de filhotes órfãos, com foco em espécies nativas e sem risco potencial ao ser humano — entre elas, os filhotes de gambás.
A iniciativa reforça o compromisso com a educação ambiental e a participação cidadã, promovendo uma rede de apoio à vida silvestre. Para participar, é necessário ser maior de idade, preencher o formulário disponível no site do IAT e concluir um curso EaD gratuito. O programa simboliza um elo entre o conhecimento científico e a consciência coletiva de que preservar é também conviver.



