O piquiá, cientificamente conhecido como Caryocar villosum, é uma fruta pouco conhecida fora da região Norte do Brasil, mas que concentra em sua polpa um verdadeiro arsenal de nutrientes, sabor e história. Apesar de seu nome lembrar o popular pequizeiro do cerrado (Caryocar brasiliense), o piquiá possui identidade própria, sendo típico da Amazônia e cultivado de forma espontânea em áreas de mata nativa.
Seu fruto exala um aroma forte, adocicado e terroso, com casca espessa e interior cremoso, que precisa ser cozido antes do consumo. “O piquiá é uma fonte poderosa de vitamina C e compostos antioxidantes, o que o torna um alimento funcional, ainda pouco explorado pela ciência e pela indústria”, afirma o engenheiro agrônomo e pesquisador em fruticultura amazônica Diego Almeida.
Entre a nutrição e o sabor: o que o piquiá tem de especial?
Com polpa rica em ácidos graxos essenciais, vitaminas lipossolúveis e minerais, o piquiá é uma excelente opção para quem busca alimentos que fortalecem o sistema imunológico e combatem os radicais livres. Além disso, estudos apontam que seu consumo regular pode contribuir para a saúde cardiovascular e para a proteção da pele, graças à presença de vitamina E e compostos fenólicos naturais.
Na culinária regional, a fruta aparece em preparos típicos, como purês, sucos, mingaus e sorvetes, sempre após cozimento prévio, já que a polpa crua possui alta acidez. O sabor é denso, oleoso e levemente amargo, o que a torna uma iguaria peculiar. “Quem prova o piquiá pela primeira vez costuma se surpreender. É um gosto ancestral, quase primitivo, que conecta a gente diretamente com a floresta”, comenta a nutricionista e especialista em alimentos nativos Carolline Salles, que defende maior visibilidade para frutos como esse na alimentação contemporânea.
O valor ambiental e paisagístico da árvore do piquiá
Mais do que seu fruto, a árvore do piquiá também é motivo de admiração. Pode ultrapassar os 40 metros de altura, com tronco imponente, casca espessa e copa densa, características que a tornam relevante para projetos de reflorestamento e arborização urbana. Sua madeira é considerada de excelente qualidade, resistente e valorizada na construção civil – embora sua exploração deva ser feita com critérios sustentáveis, dada a importância ecológica da espécie.

Em paisagismo, o piquiá é uma alternativa robusta para grandes áreas externas, especialmente em regiões tropicais com solo fértil e boa drenagem. “Além da sombra generosa, a florada discreta e o ciclo dos frutos enriquecem o espaço com movimento e biodiversidade. É uma árvore nobre que traduz a força da Amazônia”, pontua Diego.
Uma joia da biodiversidade que merece ser preservada
O piquiá, assim como tantas espécies nativas, é um símbolo da diversidade vegetal brasileira. No entanto, ainda enfrenta o desconhecimento fora de seu habitat original. Ampliar seu cultivo em quintais agroflorestais, valorizá-lo em feiras e dar visibilidade em projetos gastronômicos e educacionais pode ser uma das formas mais eficientes de preservar esse patrimônio alimentar e ecológico.
Seja pela riqueza nutricional, pela força paisagística ou pela conexão com saberes tradicionais, o piquiá é um convite para olhar a floresta com mais respeito e curiosidade. E talvez, ao dar a ele o protagonismo que merece, possamos também cultivar um futuro mais sustentável e saboroso.