Quando se fala em frutas cítricas, o limão costuma remeter a sabores intensos e propriedades refrescantes. Mas há uma variedade que quebra todas as expectativas e provoca fascínio à primeira vista: o limão mão-de-buda (Citrus medica var. sarcodactylis). Com gomos longos que se projetam como dedos, essa fruta exótica chama atenção não apenas pelo visual escultural, mas também pelo forte simbolismo e pelas múltiplas possibilidades de uso ornamental e culinário.
De origem asiática, o limão mão-de-buda é uma subespécie da cidra (Citrus medica) cultivada há séculos principalmente na China, Japão e Índia. Na tradição budista, seu formato semelhante a uma mão em oração representa prosperidade, proteção e bênçãos — razão pela qual a fruta é frequentemente oferecida em templos e usada como amuleto espiritual. Entretanto, para além do simbolismo, sua forma intrigante e aroma marcante também encantam paisagistas e amantes de plantas raras.
Uma escultura da natureza: características e curiosidades da espécie
A singularidade do limão mão-de-buda começa na casca. Amarela, espessa e com textura levemente rugosa, ela exala um perfume cítrico profundo, lembrando bergamota e flor de limoeiro. O mais curioso, porém, é que essa variedade quase não possui polpa nem suco — seu valor está concentrado no aspecto decorativo e no potencial aromático da casca.

“O limão mão-de-buda é um exemplo de como a botânica surpreende com formas quase escultóricas. Ele desafia nossa ideia de fruta tradicional”, comenta o engenheiro agrônomo Leandro Fogaça, especialista em fruticultura tropical. Segundo ele, trata-se de uma planta perene, de porte médio e folhagem densa, que se desenvolve bem em climas subtropicais, como o do Sudeste brasileiro.
A frutificação ocorre, geralmente, entre o fim do verão e o outono, e pode durar até dois meses, deixando o pé carregado com frutos de aspecto ornamental impressionante. Além disso, a planta apresenta flores brancas ou levemente arroxeadas, extremamente perfumadas, que antecipam o surgimento dos frutos com formato de “dedos abertos” ou “dedos fechados”, conforme a variedade cultivada.
Cultivo ornamental e culinário: versatilidade em foco
Embora seu principal uso seja decorativo, o limão mão-de-buda tem conquistado espaço também na gastronomia. Por ter uma casca muito aromática e sem amargor acentuado, é utilizado no preparo de raspas, licores, xaropes, conservas e até doces cristalizados. Seu sabor suave, levemente adocicado e sem acidez intensa, combina com pratos asiáticos, chás e receitas sofisticadas.

Para quem deseja cultivá-lo, vale saber que o Citrus medica var. sarcodactylis pode ser plantado em vasos grandes, desde que haja boa drenagem e exposição ao sol direto por pelo menos quatro horas diárias. O solo ideal deve ser levemente ácido, rico em matéria orgânica e bem arejado. “Ele exige cuidados parecidos com outras variedades cítricas, mas o diferencial está na paciência: a frutificação pode demorar de dois a três anos após o plantio da muda”, orienta a paisagista e colecionadora de espécies frutíferas raras, Carla Munhoz.
Outro aspecto positivo é que, mesmo fora da época de frutificação, o limoeiro mão-de-buda tem forte apelo visual. Suas folhas verde-escuras e brilhantes formam um belo volume, tornando-o perfeito para quem busca aliar estética e simbolismo no jardim. “Costumo indicar essa espécie para entradas de residências ou varandas gourmet, onde a planta possa ser admirada de perto e perfumar o ambiente naturalmente”, complementa Carla.
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