A pecuária brasileira vive um momento de expansão. No segundo trimestre de 2025, o país abateu mais de 10,46 milhões de cabeças de bovinos, marcando uma alta de 3,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Quando comparado ao primeiro trimestre deste ano, o aumento foi ainda mais expressivo: 5,5%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresentou os resultados completos das Estatísticas da Produção Pecuária referentes ao período.
Além do desempenho positivo no abate bovino, o setor também registrou aumentos em outras frentes. O abate de suínos chegou a 15,01 milhões de cabeças, com crescimento de 2,6% na comparação anual e de 4,1% em relação ao trimestre anterior. Já a produção de carne de frango somou 1,64 bilhão de cabeças, avanço de 1,1% frente ao segundo trimestre de 2024, mas com uma leve retração de 0,4% em relação aos primeiros três meses deste ano.
Participação de fêmeas no abate de bovinos supera a de machos pela primeira vez
Um dado que chamou atenção na nova edição da pesquisa foi a inversão no perfil do abate bovino: as fêmeas ultrapassaram os machos em participação pela primeira vez desde o início da série histórica em 1997. O número de fêmeas abatidas teve crescimento de 16% em relação ao mesmo trimestre de 2024, reflexo direto da demanda crescente por carne bovina jovem no mercado internacional.
Esse aumento tem sido impulsionado especialmente pelo abate de novilhas, que já representam 33% do total de fêmeas processadas. Mesmo em estados tradicionalmente líderes, como o Mato Grosso, onde houve leve retração no total de abates, o volume de fêmeas ainda ficou acima do observado no mesmo período do ano anterior — um indicativo de que a estratégia de renovação dos plantéis e aproveitamento de fêmeas jovens segue em vigor.
O mês de maio destacou-se como o de maior movimentação, com 3,59 milhões de cabeças abatidas, volume 4,9% superior ao registrado no mesmo mês de 2024.
Abate de suínos quebra recorde histórico e mostra força do consumo interno
O abate de suínos também apresentou desempenho excepcional, atingindo o maior volume trimestral da série histórica iniciada em 1997. Foram 385,93 mil cabeças a mais que no mesmo período de 2024, avanço registrado em 12 das 26 unidades da federação que participam da pesquisa.
Esse crescimento é atribuído à combinação de dois fatores: aumento da demanda doméstica, impulsionada por cortes acessíveis e de preparo prático, e o fortalecimento das exportações. Países como Filipinas, Chile e Japão ampliaram suas compras, equilibrando a queda nas aquisições da China. Os meses de maio e junho, em especial, concentraram os maiores volumes da série.
Gripe aviária impacta exportações, mas abate de frangos se mantém elevado
Mesmo com a confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja do Rio Grande do Sul em maio, o abate de frangos se manteve em patamares elevados, com 18,44 milhões de cabeças a mais do que no mesmo trimestre de 2024. O resultado foi possível graças ao aumento registrado em 19 estados, ainda que as exportações tenham recuado 12,8% no período, em razão das restrições sanitárias adotadas por países importadores. Alguns mercados, como o chinês, suspenderam importações de todo o território nacional, enquanto outros limitaram o bloqueio ao estado afetado.
Leite alcança maior captação para um segundo trimestre desde 1997
Outro ponto de destaque do levantamento foi o volume de leite cru adquirido por estabelecimentos sob inspeção federal, estadual ou municipal, que atingiu 6,50 bilhões de litros — o maior já registrado para um segundo trimestre na série histórica do IBGE. Esse número representa um avanço de 9,4% sobre o mesmo período do ano passado.
O bom desempenho pode ser explicado por fatores como o clima mais favorável ao bem-estar do rebanho, a qualidade das pastagens e a oferta estável de ração. A Região Sul liderou a captação, com 40,7% do total, seguida pelo Sudeste (35,9%) e Centro-Oeste (10,5%). No comparativo anual, 20 estados apresentaram crescimento na aquisição.
O valor médio pago ao produtor foi de R$ 2,75 por litro, com aumento de 5,4% em relação ao mesmo período de 2024, embora com leve recuo frente ao primeiro trimestre de 2025.
Couro e ovos também registram crescimento expressivo
A atividade nos curtumes também acompanhou a tendência positiva. Foram recebidas 10,75 milhões de peças de couro no período, alta de 4,6% sobre o mesmo trimestre de 2024. A origem principal continua sendo os matadouros-frigoríficos, que responderam por mais de 92% do total.
A produção de ovos de galinha chegou a 1,24 bilhão de dúzias, com aumento de 6,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Foram produzidas 72,39 milhões de dúzias a mais, com elevação registrada em 23 das 26 unidades da federação. Do total, 83% destinam-se ao consumo direto e 17% à incubação.
Nova rodada de dados será divulgada em novembro
O IBGE reforça que as informações fazem parte das pesquisas trimestrais da agropecuária brasileira, com resultados mais detalhados programados para 10 de dezembro de 2025. A próxima prévia, com dados do 3º trimestre, será publicada em 12 de novembro, no sistema Sidra e na plataforma de indicadores agropecuários.