Impulsionar o cacau do Acre, com base em ciência, sustentabilidade e inclusão produtiva: essa é a proposta que vem sendo desenhada pela Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri), em parceria com a Ceplac — a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, órgão técnico vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária. A articulação, consolidada em uma reunião técnica realizada em Brasília, promete transformar a cadeia produtiva do cacau acreano por meio de ações integradas.
O encontro marcou um avanço importante na construção de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que deverá nortear os próximos passos do Programa Socioambiental do Cacau, já em andamento no estado. Com a proposta entregue oficialmente aos representantes da Ceplac, o governo do Acre pretende reforçar políticas públicas voltadas à bioeconomia e ao fortalecimento do agronegócio de base familiar.
Tecnologia, capacitação e inovação: os pilares da nova fase
Entre os principais eixos do ACT estão a transferência de tecnologias adaptadas ao bioma amazônico, o acesso a materiais genéticos de qualidade, a formação técnica continuada e o estímulo à pesquisa aplicada. Segundo a Seagri, a iniciativa deve contemplar não apenas técnicos estaduais, mas também agricultores familiares que atuam em sistemas agroflorestais ou consórcios produtivos com o cacau.
Nesse sentido, está prevista uma capacitação especializada com foco na classificação, manejo e boas práticas de produção da amêndoa, realizada em conjunto com instituições de pesquisa e ensino, como a Embrapa, o Instituto Federal do Acre (Ifac), a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac). A ideia é ampliar a base de conhecimento local e torná-la um vetor de desenvolvimento socioeconômico.
Programa Socioambiental do Cacau mira valorização do produto local
O esforço para articular a nova fase do programa se insere dentro de um plano mais amplo do governo do Acre para consolidar a Rota do Cacau, uma iniciativa que busca agregar valor ao produto regional, promovendo a sustentabilidade ambiental e a verticalização da produção.
Além de fomentar o cultivo responsável em áreas já antropizadas, o programa investe na valorização da produção artesanal, no acesso a mercados diferenciados e na construção de uma identidade para o cacau acreano, reconhecido por sua qualidade e potencial de inserção em nichos de mercado, como o de chocolates finos e orgânicos.
Interlocução estratégica e ampliação de parcerias
A reunião em Brasília contou com a presença de técnicos e gestores de ambas as instituições. Pela Seagri, participaram o secretário adjunto Edivan Azevedo, o diretor de Produção e Agronegócio, Cláudio Malveira, e o coordenador da cadeia do cacau, Marcos Rocha. Pela Ceplac, estiveram presentes o coordenador de Administração e Finanças, Paulo Nunes, e o técnico de planejamento Abdon Brandão.
Segundo a Seagri, a minuta do ACT já foi enviada para avaliação da nova diretoria da Ceplac, que deverá, nos próximos dias, formalizar a resposta e dar continuidade à construção da parceria. “Esse acordo vai permitir que o Acre avance com consistência e conhecimento na estruturação de sua cadeia cacaueira, abrindo novas portas para o agricultor e para o mercado”, destacaram os representantes da secretaria durante a reunião.