Resumo
O projeto Carbono Social, lançado pelo Sebrae e Ecam, transforma a conservação da floresta amazônica em renda para agricultores familiares ao conectá-los ao mercado voluntário de carbono.
A fase piloto ocorre em Santarém (PA) com 150 produtores e 15 mil hectares, sendo 8,5 mil sob manejo sustentável ou preservação, valorizando práticas já adotadas por comunidades tradicionais.
Os créditos de carbono são gerados a partir de medições técnicas e validados digitalmente, com rastreabilidade e certificação pela plataforma ReSeed, garantindo transparência e acesso direto à renda.
Parte da receita obtida com a venda dos créditos é reinvestida nas próprias comunidades, fortalecendo cadeias produtivas, projetos sociais e incentivando o desenvolvimento local sustentável.
A iniciativa será apresentada em Londres como exemplo global de carbono inclusivo, combinando métricas ambientais e sociais para reposicionar a agricultura familiar no centro da economia verde.
Em meio ao vasto verde da Amazônia, um novo caminho começa a ser trilhado por agricultores familiares e comunidades tradicionais: um modelo que transforma o cuidado com a floresta em renda e reconhecimento. O projeto Carbono Social, iniciativa pioneira do Sebrae em parceria com a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), foi lançado em Belterra (PA) durante o evento “Sebrae Conecta Economia Verde” e promete inaugurar uma nova lógica de desenvolvimento inclusivo na região.
A proposta parte de uma premissa simples, mas transformadora: valorizar cada hectare de floresta preservada e cada prática sustentável como um ativo de mercado. Com isso, abre-se a porta para que pequenos produtores participem do mercado voluntário de carbono, recebam pela conservação que já praticam e ainda ampliem a capacidade de investimento nas próprias comunidades.
⚠️ Nota de caráter informativo
Este artigo tem finalidade estritamente informativa. Os dados sobre o projeto Carbono Social e o mercado voluntário de carbono refletem informações disponíveis até o momento.
Os resultados financeiros, sociais e ambientais dependem de condições locais, adesão comunitária e variações de mercado. Este texto não constitui recomendação de investimento ou de participação financeira.
A primeira fase do projeto foi iniciada em julho de 2025, com atuação piloto em Santarém, no Pará. Cerca de 150 produtores familiares já fazem parte da iniciativa, que abrange aproximadamente 15 mil hectares. Desse total, 8,5 mil hectares incluem áreas sob manejo sustentável, sistemas agroflorestais e fragmentos de floresta em alto grau de conservação.
Além do mapeamento técnico e ambiental das propriedades, os agricultores recebem apoio para acessar diretamente os recursos gerados pela venda de créditos de carbono. Esses créditos são certificados, rastreáveis e monetizados por meio da plataforma digital da ReSeed, especializada em integrar dados de biomassa, indicadores sociais e validação via imagens de satélite. Assim, cria-se um ciclo virtuoso onde a conservação deixa de ser apenas um esforço individual e passa a ser um motor econômico regional.
Aliás, parte da receita obtida com a comercialização desses créditos será reinvestida nas próprias comunidades envolvidas, fortalecendo iniciativas locais, cadeias produtivas sustentáveis e ações voltadas ao bem-estar coletivo.
Durante o lançamento do programa, lideranças do Sebrae destacaram o papel estratégico do Carbono Social como vetor de transição para uma economia de baixo carbono no Brasil. Para a organização, o projeto representa mais do que um mecanismo de compensação ambiental — é uma ponte entre a floresta preservada e o mercado global, com justiça climática e impacto social mensurável.
A iniciativa já foi testada em outras duas regiões brasileiras — no sul da Bahia e no Paraná — e agora ganha destaque internacional com sua apresentação confirmada no evento Corporate Investments into Forestry & Biodiversity, em Londres. O fórum é considerado um dos mais relevantes do mundo em investimentos corporativos voltados à conservação e biodiversidade, reforçando o potencial das soluções amazônicas em escala global.
Ao alinhar critérios técnicos internacionais de mensuração de carbono com indicadores como renda, gênero e saúde comunitária, o projeto propõe um novo paradigma: o carbono inclusivo. Trata-se de um modelo que vai além da neutralização de emissões e reconhece quem cuida da terra como agente fundamental na transição ecológica.
Nesse cenário, a agricultura familiar deixa de ocupar apenas as margens da economia verde e passa a ocupar o centro das soluções. Afinal, quando o carbono carrega também um propósito social, ele deixa de ser apenas um número e se transforma em um futuro possível para quem vive da e com a floresta.