Resumo
- A Embrapa apresenta a AgriZone na COP30, um espaço interativo em Belém com foco em inovação agrícola, sustentabilidade e práticas regenerativas.
- A AgriZone reúne mais de 400 atividades técnicas e experiências sensoriais que mostram o papel da ciência na produção de alimentos de baixo carbono.
- A vitrine viva exibe tecnologias como o selo da Carne de Baixo Carbono, cultivares sustentáveis e sistemas integrados de produção adaptados ao clima amazônico.
- Iniciativas como o Sisteminha, as PANCs e o monitoramento do solo reforçam o compromisso com inclusão produtiva, cultura local e regeneração ambiental.
- A Plataforma Saúde do Solo BR e parcerias globais posicionam o Brasil como referência em agricultura regenerativa e soberania alimentar na agenda climática.
Em um momento em que o mundo volta os olhos para Belém do Pará, a Embrapa protagoniza um dos espaços mais instigantes da COP30 com a inauguração da AgriZone, uma verdadeira vitrine viva de soluções sustentáveis para o campo. O local, instalado a poucos minutos das zonas oficiais do evento, é aberto ao público e busca demonstrar, na prática, como a ciência brasileira está moldando o futuro da agricultura e da segurança alimentar em tempos de crise climática.
O espaço reúne pesquisadores, organizações internacionais, agricultores, startups e instituições públicas e privadas em uma programação que ultrapassa 400 atividades — entre palestras, painéis, exposições tecnológicas e experiências sensoriais. Mais do que um espaço de debate, a AgriZone se firma como território de construção coletiva, onde tradição, inovação e sustentabilidade caminham lado a lado.
Agricultura de baixo carbono ganha protagonismo
Um dos grandes destaques da AgriZone é sua vitrine agropecuária interativa, que apresenta sistemas sustentáveis para produção de carne, soja, milho, leite, trigo e sorgo. Essas tecnologias não apenas reduzem emissões de carbono, mas também regeneram o solo e aumentam a eficiência do uso da terra. Em uma das demonstrações mais aguardadas, será lançado o Selo da Carne de Baixo Carbono, resultado de uma parceria com a Marfrig, reconhecendo práticas mais limpas na pecuária.
Outro avanço que chama atenção é o uso de cultivares geneticamente aprimorados — como o milho BTMAX e o sorgo granífero BRS 3002, desenvolvidos para resistir a pragas, dispensar agrotóxicos e entregar alta produtividade. Ao lado deles, o guandu BRS Mandarim e o guatã se destacam como espécies regeneradoras de pastagens, capazes de reduzir custos e até 70% das emissões de metano por quilo de peso vivo bovino.
Ciência e inclusão transformando vidas no campo
Mais do que tecnologia de ponta, a AgriZone celebra também o compromisso com a inclusão produtiva e social. O Núcleo de Responsabilidade Socioambiental apresenta sistemas acessíveis a pequenos agricultores, como o Sisteminha Embrapa, que integra hortas, piscicultura e criação de galinhas em espaços compactos. Outras soluções de destaque incluem a Fossa Séptica Biodigestora e o projeto Semear Digital, que leva conectividade e capacitação tecnológica às comunidades rurais.
Na mesma proposta de valorização do saber tradicional, o espaço dá palco para as PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), cultivos ancestrais com alto valor nutricional e baixo impacto ambiental. Ao lado delas, inovações como o algodão naturalmente colorido, o clone de cajueiro-anão e a fibra de caju desidratada reforçam a potência da agroindústria sustentável.
Piscicultura e sistemas integrados no coração da Amazônia
A AgriZone também dedica espaço à piscicultura regenerativa, com destaque para a criação de tambaquis em tanques-rede, sistema que já transforma a economia de pequenas comunidades na região Norte, garantindo renda e sustentabilidade ambiental. O modelo estabelece parâmetros técnicos de densidade e manejo para reduzir perdas e ampliar o acesso direto ao consumidor.
Em outra frente, a Fazenda Álvaro Adolpho, localizada dentro da área da AgriZone, foi convertida em um verdadeiro laboratório de campo com mais de 45 cultivares e 30 sistemas agropecuários integrados. Ali, o visitante pode caminhar entre consórcios de milho com leguminosas, experimentos de ILPF com teca e eucalipto, lavouras de arroz, amendoim, café robusta, açaí, banana e cacau — todos adaptados à realidade amazônica.
Experiência imersiva e conexão com a cultura local
Para aproximar o público urbano da ciência rural, a Embrapa criou experiências sensoriais dentro da AgriZone. Os visitantes podem interagir com abelhas nativas no meliponário, conhecer a Capoeira do Black — floresta monitorada por drones e inteligência artificial — ou explorar hortos medicinais e trilhas interpretativas. A proposta é clara: tornar a ciência mais tangível e acessível.
No Pavilhão Comida, Cultura e Tradição, o alimento ganha protagonismo não apenas como produto, mas como expressão de identidade. A cozinha regional é celebrada junto dos saberes locais, costurando uma narrativa que une biodiversidade, agricultura familiar e sistemas alimentares mais justos e resilientes.
Monitoramento do solo e novas fronteiras para a regeneração
Um dos lançamentos estratégicos da Embrapa durante a COP30 é a Plataforma Saúde do Solo BR, sistema aberto que reúne mais de 52 mil amostras com dados interativos para acompanhamento da saúde dos solos brasileiros. A ferramenta visa impulsionar práticas agrícolas regenerativas, oferecendo indicadores concretos para produtores, pesquisadores e formuladores de políticas públicas.
Esse movimento se conecta à participação do Brasil na Aliança Global Contra a Fome, no G20, liderada por meio da atuação da Embrapa. A AgriZone, nesse sentido, consolida-se como símbolo da ambição brasileira de liderar a transição para uma agricultura regenerativa, inclusiva e cientificamente embasada.
Como declarou a presidente da instituição, Silvia Massruhá, “a COP30 marca o início de uma jornada de colaboração internacional pela sustentabilidade e segurança alimentar”. E a AgriZone, com seu solo fértil de ideias e práticas, mostra que esse futuro já começou a ser cultivado.



