Nos mercados do Paraná, agosto trouxe uma boa notícia para os consumidores: os preços de alimentos e bebidas recuaram pelo terceiro mês consecutivo, segundo o Índice Ipardes de Preços Regional – Alimentos e Bebidas (IPR). A nova queda, de 0,58% no mês, consolida uma tendência de alívio no custo da cesta básica e indica maior estabilidade no orçamento das famílias paranaenses. Com o novo recuo, o acumulado de 2025 ficou em apenas 1,85%, bem abaixo do que se observa em outros setores da economia.
Essa desaceleração nos preços reflete diretamente as condições favoráveis no campo e a boa oferta de produtos, especialmente nas prateleiras de hortifrutis, onde o consumidor sentiu maior diferença. Entre os 91 itens monitorados pelo Ipardes, mais da metade (54) registrou queda de preço, uma sinalização clara de que a tendência é generalizada e não pontual.
Tubérculos e legumes lideram a queda de preços
Entre os grupos de alimentos, tubérculos, raízes e legumes apresentaram a retração mais expressiva: –8,11% no mês. Esse movimento ajudou a derrubar o índice geral, representando –0,32 ponto percentual da variação total. Os cereais também recuaram –2,43%, acompanhados por sal e condimentos (–3,01%) e ovos de galinha (–3,49%), itens presentes com frequência no consumo cotidiano.
Produtos amplamente consumidos como manga (–18,26%), tomate (–15,63%), cebola (–14,26%) e abobrinha (–8,49%) tiveram reduções significativas no período. As condições climáticas favoráveis e o bom desempenho das colheitas foram determinantes para esse cenário, ampliando a oferta nos mercados e, consequentemente, reduzindo os preços ao consumidor final.
A presença de outros itens como brócolis, batata-doce, cenoura e alface com quedas consideráveis reforça a ideia de um movimento generalizado, sobretudo no grupo dos hortifrutigranjeiros, que costuma apresentar maior sensibilidade ao clima e à logística de distribuição.
Queda consistente no acumulado de 12 meses
Mesmo com altas pontuais, como a observada na carne bovina, impactada por elevação da demanda interna e externa, o índice geral manteve-se comportado. No recorte dos últimos doze meses, o levantamento mostra uma queda relevante em categorias essenciais, como cereais (–22,54%), tubérculos e legumes (–11,17%) e frutas (–9,40%), o que contribui diretamente para conter o avanço do custo de vida no Estado.
Esses números revelam não apenas a eficiência da produção agrícola paranaense, mas também a resiliência da cadeia de abastecimento diante das oscilações do mercado e das variações climáticas.
Reduções mais intensas em Curitiba, Ponta Grossa e Pato Branco
A análise regional mostra que o recuo nos preços foi sentido em oito das nove cidades avaliadas pelo índice, com Ponta Grossa (–0,93%), Curitiba (–0,91%) e Pato Branco (–0,76%) liderando as quedas. Apenas Foz do Iguaçu registrou um leve aumento de 0,13%.
Entre os destaques locais, Curitiba apresentou a maior redução para a batata-inglesa, com queda de 55,93%, enquanto Guarapuava teve uma queda de 51,18% na cebola. Em diversas regiões, a oferta elevada desses produtos influenciou diretamente a retração de preços, principalmente em hortaliças de maior volatilidade.
Alface, cenoura, pepino e batata-doce também registraram recuos em diferentes municípios, reforçando a presença de preços mais baixos em praticamente todo o Paraná.
Como o Ipardes mede o comportamento dos preços
O Índice Ipardes de Preços Regional – Alimentos e Bebidas é elaborado mensalmente com base em 91 itens, divididos em 18 subgrupos, considerando a estrutura de consumo das famílias paranaenses. Os dados são coletados por meio de Notas Fiscais Eletrônicas (NFC-e) emitidas por 583 estabelecimentos comerciais em nove cidades: Cascavel, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina, Maringá, Pato Branco, Ponta Grossa e Umuarama.
Com cerca de 2,5 milhões de registros mensais, a metodologia leva em consideração o padrão de consumo definido pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE. O objetivo é fornecer um panorama realista sobre o comportamento dos preços de alimentos e bebidas no Paraná e ajudar a orientar tanto políticas públicas quanto decisões do consumidor.