O uso de defensivos agrícolas voltou a crescer nas lavouras brasileiras durante o primeiro semestre de 2025. De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg), a área total tratada com produtos fitossanitários no país atingiu 1,1 bilhão de hectares, o que representa uma alta de 3,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O avanço tem relação direta com o desempenho das culturas da segunda safra, especialmente milho e algodão, que foram implantadas no início do ano e impulsionaram o uso de insumos, tanto em volume quanto em diversidade de aplicações.
O impacto da safrinha no aumento da demanda por defensivos
Entre os meses de janeiro e junho, observou-se também um crescimento de 4,5% no volume total de produtos aplicados nas lavouras nacionais. Segundo o levantamento encomendado pelo Sindiveg e conduzido pela consultoria Kynetec Brasil, os herbicidas lideram a composição do volume utilizado, representando aproximadamente 40% do total. Em seguida, aparecem os inseticidas (29%), fungicidas (21%), tratamento de sementes (1%) e outros produtos diversos, como adjuvantes e inoculantes, que somam os 8% restantes.
O milho, cultura que concentrou 33% da área tratada, teve papel central no resultado, seguido pela soja (28%) e pelo algodão (16%). As três culturas foram decisivas para o crescimento da área coberta por defensivos, tanto pelo aumento da área plantada quanto pelo maior investimento tecnológico, com destaque para o uso de fungicidas foliares e inseticidas ao longo do ciclo.
Seca no Sul freia avanço em algumas regiões
Apesar do resultado positivo no agregado nacional, eventos climáticos adversos impediram um avanço ainda mais expressivo. A estiagem registrada em importantes estados produtores, como Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, afetou diretamente o desempenho da soja 2024/25 e reduziu a aplicação de defensivos em certas fases da cultura.
Nessas regiões, segundo o Sindiveg, houve queda nas aplicações de fungicidas foliares, reflexo das menores condições de desenvolvimento das plantas. Esse recuo regional acabou por suavizar o impacto positivo observado nas áreas com melhores condições climáticas.
Liderança regional e destaque para o Centro-Oeste
O Centro-Oeste brasileiro se manteve na dianteira em termos de área tratada. Mato Grosso e Rondônia, juntos, responderam por 38% do total nacional. Na sequência, a região conhecida como Bamatopiba — que engloba os estados da Bahia, Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará — representou 17% da área tratada.
Outras regiões relevantes incluem São Paulo e Minas Gerais (13%), Paraná (9%), Goiás e Distrito Federal (8%), Mato Grosso do Sul (8%) e Rio Grande do Sul com Santa Catarina (6%). As demais localidades somaram os 2% restantes, evidenciando a forte concentração do uso de defensivos nas principais regiões produtoras do país.
Diversidade de culturas e nova abordagem na mensuração
Além das grandes culturas da safrinha, outras lavouras também contribuíram para o resultado nacional. Pastagens (6%), cana-de-açúcar (4%), feijão (3%), café (2%), arroz (2%), citros (2%), trigo (1%) e hortifrúti (1%) também foram contemplados no levantamento.
Para mensurar o uso dos produtos, foi adotada a metodologia conhecida como Potencial de Área Tratada (PAT), que leva em conta tanto o número de aplicações realizadas quanto os diferentes produtos utilizados por hectare ao longo do ciclo das culturas. Essa métrica fornece uma visão mais precisa da intensidade de uso dos defensivos, permitindo comparações mais equilibradas entre diferentes culturas e regiões.



