A ciência acaba de oferecer um novo trunfo aos produtores de leite de búfala: um exame capaz de identificar, no DNA dos animais, a presença de um gene que determina maior eficiência na produção de muçarela. Desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), em São Paulo, o teste analisa a presença de uma variante da proteína kappa-caseína — fundamental para o processo de coagulação do leite e, portanto, decisiva na produção de queijo.
A proposta do estudo é simples e ambiciosa: identificar búfalas geneticamente predispostas a produzir um leite que gere mais muçarela com menos perdas, otimizando o processo de fabricação desde a origem. Isso significa não apenas maior produtividade, mas também redução de custos operacionais e maior retorno financeiro ao produtor.
Segundo os pesquisadores envolvidos, a pesquisa avaliou cerca de 600 animais de diferentes cidades paulistas, todos pertencentes a criadores associados à Associação Brasileira de Criadores de Búfalo (ABCB). A triagem genética permitiu mapear a presença do alelo B do gene CSN3 — uma variante diretamente associada à maior capacidade de coagulação do leite e, por consequência, ao aumento do rendimento na produção de queijo.
Esse exame genético abre caminho para que os criadores selecionem, de forma criteriosa e antecipada, quais matrizes devem ser mantidas e reproduzidas. Na prática, é uma ferramenta poderosa de manejo econômico e genético, que pode elevar o patamar da pecuária bubalina brasileira. Ao privilegiar animais com maior valor genético para a produção de muçarela, o rebanho torna-se mais competitivo, valorizado e adaptado às demandas industriais da cadeia láctea.
Além de impulsionar a produtividade, o avanço também fortalece a identidade e o valor agregado do queijo de búfala — um produto de alto padrão sensorial, elaborado com leite puro e reconhecido por seu sabor intenso, textura elástica e aroma marcante. Em mercados exigentes, esse diferencial faz toda a diferença.
Vale lembrar que o IZ-Apta já havia desenvolvido, anteriormente, um teste laboratorial para certificar a pureza do leite de búfala, garantindo autenticidade ao produto final. Agora, com a nova metodologia voltada à kappa-caseína, o setor caminha para um modelo mais sustentável, baseado em seleção genética, rastreabilidade e inovação.
A pesquisa reforça a vocação brasileira para transformar ciência em aplicação prática, conectando tecnologia e campo de forma estratégica. A expectativa, nos bastidores da ABCB, é de que a ferramenta seja disseminada nacionalmente e estimule uma nova etapa de crescimento na produção de muçarela de búfala — com mais qualidade, mais queijo e menos desperdício.