Resumo
- O mercado de bioinsumos no Brasil quadruplicou desde 2020, atingindo R$ 4,35 bilhões na safra 2024/25, com forte adesão de produtores em todo o país.
- A área tratada com produtos biológicos cresceu de 21,9% para 46,7% em cinco anos, com destaque para Mato Grosso e Goiás, onde a adoção já passa de 50%.
- Bionematicidas lideram o setor, com R$ 1,92 bilhão em vendas, superando defensivos químicos no combate aos nematoides nas grandes culturas.
- Soja e milho concentram 79% do uso de bioinsumos, mas há potencial de crescimento em culturas como hortifrútis e café, ainda com baixa representatividade.
- O avanço dos bioinsumos revela uma mudança estrutural na agricultura brasileira, impulsionando práticas sustentáveis e tecnologias mais eficientes no campo.
A agricultura brasileira vive uma transformação silenciosa, porém impactante: o uso de bioinsumos deixou de ser uma tendência promissora para se tornar uma realidade sólida no manejo agrícola. Em apenas cinco anos, o setor quadruplicou seu faturamento, saltando de R$ 1 bilhão em 2020 para expressivos R$ 4,35 bilhões na safra 2024/25. O dado revela não apenas um mercado em expansão, mas uma mudança cultural na forma como o produtor rural enxerga o controle biológico.
O levantamento da Kynetec, que entrevistou 13 mil produtores em todo o território nacional, aponta que os bioinsumos já representam quase 5% do valor total movimentado pelo setor de defensivos agrícolas no Brasil — que gira em torno de R$ 100 bilhões por ano. Mais do que números, o avanço reflete uma nova lógica no campo, pautada por sustentabilidade, inovação e busca por alternativas eficientes aos produtos químicos tradicionais.
Adoção cresce e chega a quase metade das áreas cultivadas
Na safra atual, a área potencial tratada com bioinsumos alcançou a marca de 83,3 milhões de hectares. Esse volume representa uma cobertura de 46,7% nos principais cultivos, um salto considerável em relação aos 21,9% registrados cinco anos atrás. Estados como Mato Grosso e Goiás lideram esse movimento, com índices de adoção já ultrapassando os 50% da área agrícola.
Essa expansão é alimentada por uma onda de lançamentos de novos produtos biológicos. Entre a safra anterior e a atual, o crescimento do setor foi de 18%, impulsionado por empresas que enxergam no segmento um terreno fértil para inovação e diversificação.
Bionematicidas lideram com folga e superam produtos químicos
Dentro do universo dos bioinsumos, os bionematicidas mantêm a liderança absoluta. Sozinhos, eles movimentaram R$ 1,92 bilhão, correspondendo a 44% do total comercializado em 2024/25. Mais do que volume de vendas, a categoria mostra superioridade frente aos nematicidas químicos, consolidando-se como a principal ferramenta para o controle de nematoides nas lavouras brasileiras.
Logo atrás estão os bioinseticidas, que respondem por 39% do mercado. Esse segmento avançou especialmente em culturas que enfrentam “escapes” de pragas, como lagartas, devido à redução da efetividade das biotecnologias mais modernas em uso. A atuação pontual dos insetos resistentes reacendeu o interesse por soluções biológicas mais específicas e menos agressivas ao ecossistema.
Já os biofungicidas conquistaram 17% do mercado, com crescimento expressivo de 41% em relação à safra passada. A ascensão tem relação direta com o aumento de doenças como manchas foliares e ferrugem da soja, que exigem estratégias de manejo mais integradas. Esse comportamento reforça a versatilidade dos bioinsumos não apenas como alternativa, mas como complemento eficaz aos tratamentos convencionais.
Soja e milho puxam a demanda; hortifrúti ainda é tímido
Os grãos seguem como protagonistas no uso de bioinsumos no país. A soja, por si só, concentra 48% da demanda, enquanto o milho responde por 31%. Na sequência aparecem a cana-de-açúcar com 12%, o algodão com 4%, o café com 3% e as culturas hortifrutícolas com apenas 2%, mostrando que ainda há grande espaço para crescimento nessas últimas categorias.
Esse recorte revela que os bioinsumos vêm ganhando escala especialmente em culturas de larga extensão, onde o impacto do manejo sustentável é mais visível, inclusive em termos econômicos. O potencial de expansão para hortas, cultivos orgânicos e pequenos produtores, no entanto, é imenso — e pode representar a próxima fronteira desse mercado nos próximos anos.
O futuro da agricultura passa pelos bioinsumos
Com adesão crescente, tecnologias mais acessíveis e políticas públicas que incentivam práticas sustentáveis, os bioinsumos despontam como um dos pilares da agricultura do futuro. Sua ascensão no Brasil, maior exportador agrícola do mundo, pode reconfigurar padrões de produção e consolidar o país como referência global em controle biológico.
A transformação já começou. E com ela, abre-se uma nova era em que produtividade e responsabilidade ambiental caminham lado a lado no campo brasileiro.



