O Brasil acaba de ganhar um novo instrumento de acompanhamento da política climática nacional. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma plataforma de dados abertos dedicada exclusivamente ao Fundo Clima, que se consolida como o maior fundo climático do Sul Global. A iniciativa marca um novo capítulo na busca por transparência e eficiência na aplicação de recursos públicos voltados à transição energética, descarbonização da economia e recuperação ambiental.
A nova ferramenta, apresentada oficialmente pela instituição e que estará em destaque nas discussões do banco durante a COP30, permite que qualquer pessoa acesse informações detalhadas sobre os projetos apoiados. É possível consultar, de forma clara e segmentada, dados como o valor financiado, o porte da empresa beneficiada, o tipo de apoio concedido e a localização geográfica dos empreendimentos. Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o lançamento reforça o papel da instituição como agente-chave da transformação ecológica brasileira: “Com a plataforma, o BNDES reafirma seu compromisso com a transparência e com a transição ecológica que garante o futuro das novas gerações”, afirma.
O avanço do Fundo Clima na prática
Entre 2023 e 2025, o volume de financiamentos aprovados por meio do Fundo Clima alcançou R$ 19 bilhões, uma cifra expressiva se comparada aos R$ 1,6 bilhão do ciclo anterior, entre 2019 e 2022. Os recursos vêm sendo aplicados em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país, como a eletrificação do transporte urbano, o fomento à produção de biocombustíveis, o apoio à indústria verde e os projetos de reflorestamento e recuperação de biomas degradados.
Na área de mobilidade, os impactos já são concretos. O banco se tornou o maior financiador de ônibus elétricos da América Latina, com R$ 3,8 bilhões aprovados desde 2023, o que representa uma redução estimada de 115 mil toneladas de CO₂ por ano – um ganho direto para as metas climáticas brasileiras. Os financiamentos têm como base recursos do Tesouro Nacional e de títulos sustentáveis, como os Green Bonds, garantindo previsibilidade e escala para as ações.
Mecanismo com duas frentes de atuação
Criado em 2009 e vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Fundo Clima possui duas modalidades de operação: a reembolsável, gerida pelo BNDES, e a não reembolsável, administrada diretamente pelo MMA. Essa estrutura mista amplia o alcance das iniciativas, permitindo que tanto empresas quanto entidades públicas ou projetos sem fins lucrativos possam acessar recursos, conforme sua natureza e objetivo.
Compromisso público com a governança ambiental
Além de ampliar a transparência do Fundo Clima, a nova plataforma reforça o desempenho histórico do BNDES em práticas de governança. A instituição foi reconhecida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como a estatal mais transparente do Brasil em 2024, alcançando 96,81% no índice geral e 100% em transparência ativa, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU).
Ao disponibilizar dados de forma acessível e atualizada, o BNDES fortalece a confiança pública em um momento decisivo para a agenda climática mundial. A expectativa é que o modelo brasileiro inspire outros países do Sul Global a adotarem mecanismos semelhantes, sobretudo na preparação para a COP30, que será realizada em Belém (PA), com protagonismo latino-americano nas discussões sobre financiamento climático.



