A resposta do governo federal ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras começa a ganhar corpo com a promessa de liberação de crédito emergencial por meio do BNDES. Segundo o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, a equipe técnica do banco já finaliza os últimos ajustes para colocar em prática uma linha especial de financiamento voltada exclusivamente para empresas atingidas pela nova barreira comercial, que impôs uma alíquota de 50% sobre parte dos produtos enviados ao mercado norte-americano.
A medida integra o chamado Plano Brasil Soberano, apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um pacote de ações para mitigar os impactos da política tarifária adotada pelos EUA. Estima-se que mais de um terço das exportações brasileiras para o país seja afetado pela nova tarifa, o que representa aproximadamente 4% do total exportado pelo Brasil — um golpe considerável na balança comercial e, sobretudo, na saúde financeira de empresas exportadoras de médio e grande porte.
O novo plano de crédito contará com recursos na ordem de R$ 30 bilhões, que serão viabilizados por meio do Fundo de Garantia à Exportação e distribuídos pelo BNDES em parceria com outras instituições financeiras habilitadas. A ideia é garantir liquidez imediata para os setores produtivos mais impactados, com foco especial na preservação de empregos e na manutenção da capacidade produtiva dessas empresas.
Mercadante destacou que o modelo de operação deve seguir o padrão adotado no Rio Grande do Sul após as enchentes de 2024. Na ocasião, o banco foi elogiado pela agilidade ao liberar crédito em tempo recorde. “Aumentamos em seis vezes a velocidade de aprovação dos financiamentos no socorro ao Rio Grande do Sul. Estamos prontos para repetir esse ritmo com o setor exportador brasileiro”, garantiu.
A expectativa é de que o plano seja anunciado oficialmente nos próximos dias, com todos os mecanismos operacionais definidos. De acordo com o presidente do BNDES, faltam apenas ajustes finais de ordem técnica para que a linha de crédito seja colocada em funcionamento. A mobilização do banco, afirma ele, será imediata assim que houver sinal verde do Palácio do Planalto.
O tarifaço, assinado por Donald Trump no final de julho, entrou em vigor no dia 6 de agosto e afeta um conjunto expressivo de produtos brasileiros. Além das perdas econômicas, o temor de analistas e empresários é que a medida crie um efeito cascata, travando investimentos e afetando cadeias produtivas inteiras.