Após meses de vigilância sanitária intensa e cooperação internacional, o Brasil volta a respirar com mais alívio no setor avícola. Quatro países — Chile, Namíbia, Macedônia do Norte e Arábia Saudita — decidiram suspender as restrições temporárias que haviam imposto à importação de carne de aves brasileira. A medida vem logo após o encerramento oficial do foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), registrado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
A decisão desses países reforça a confiança no controle sanitário brasileiro e amplia o leque de mercados abertos para o frango nacional, um dos produtos mais relevantes na pauta de exportações do agronegócio. O Brasil é, atualmente, o maior exportador mundial de carne de frango e responde por cerca de um terço de todo o volume negociado internacionalmente.
Regionalização é estratégia-chave para manter mercado aberto
A contenção da gripe aviária no território brasileiro tem sido marcada pela aplicação rigorosa do conceito de regionalização — estratégia reconhecida internacionalmente que permite restringir sanções comerciais apenas à área afetada, sem comprometer todo o país. Essa diretriz, prevista tanto no Código Terrestre da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) quanto no Acordo SPS (Medidas Sanitárias e Fitossanitárias) da OMC, tem sido essencial para preservar o fluxo de comércio com diversos parceiros internacionais.
Atualmente, a lista de países que não impõem qualquer restrição à importação de carne de frango brasileira é extensa, com destaque para nomes como África do Sul, Índia, Emirados Árabes Unidos, México, Reino Unido, Turquia e Vietnã. Ao todo, mais de 40 países estão com as portas abertas, fortalecendo a balança comercial do setor.
Algumas nações ainda mantêm embargos totais ou parciais
Apesar dos avanços, seis países ainda mantêm suspensão total às exportações brasileiras de carne de frango. Entre eles, destacam-se a China — principal compradora global do produto — e o Canadá. Também figuram na lista a União Europeia, Malásia, Paquistão e Timor-Leste.
Além disso, há países que optaram por suspensões pontuais. É o caso do Japão, que restringe as importações apenas aos municípios de Campinápolis e Santo Antônio da Barra. Já Armênia, Rússia e outros países da Ásia Central mantêm barreiras exclusivamente ao estado do Rio Grande do Sul, onde o surto foi registrado.
Em situações ainda mais específicas, como ocorre com Suriname, Uzbequistão e Maurício, a suspensão está limitada a zonas delimitadas. Isso reforça a importância da delimitação geográfica precisa e comunicação transparente entre autoridades sanitárias e mercados compradores.