Em um momento em que o agronegócio brasileiro consolida sua posição estratégica no cenário global, a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) acaba de selar um acordo histórico com o Grupo de Grãos e Óleos da Província de Hubei, um dos maiores conglomerados do setor alimentício na China.
A assinatura do Acordo de Cooperação Estratégica, realizada na sede da SNA, no Rio de Janeiro, representa um novo capítulo na relação entre os dois países, com foco em inovação, desenvolvimento sustentável e fortalecimento da cadeia de alimentos.
Um elo entre tradição e tecnologia no agro
A cerimônia de assinatura contou com a presença do vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco, e do CEO do SNASH (SNA Startup Hub), Leonardo Alvarenga, que receberam a comitiva chinesa e apresentaram os projetos mais recentes da instituição. Entre eles, o SNASH — hub dedicado a acelerar startups voltadas ao agronegócio — despertou especial interesse da delegação estrangeira, que enxerga na tecnologia aplicada ao campo uma das alavancas para o futuro da produção de alimentos.
Aliás, a conexão entre inovação e tradição agrícola foi um dos pontos centrais do diálogo entre as entidades. A China, que já figura como o maior parceiro comercial do Brasil no setor, demonstra agora interesse não apenas na compra de commodities, mas em investimentos estruturais e tecnológicos de longo prazo.
O que está previsto na parceria
A cooperação prevê o intercâmbio de informações comerciais, mapeamento conjunto de cadeias produtivas, conexão entre fornecedores brasileiros e o conglomerado chinês e a formação de equipes binacionais para impulsionar projetos específicos. Também está prevista a criação de um sistema de comunicação contínua e visitas regulares entre os países, o que deve acelerar a identificação de oportunidades comerciais e tecnológicas.
O grupo chinês envolvido na parceria não é pequeno: com ativos superiores a 21 bilhões de yuans e capacidade de processamento de até 2 milhões de toneladas de grãos por ano, a empresa tem forte atuação em óleo de soja, milho, trigo e alimentos processados. A chegada desse parceiro ao radar do agro brasileiro amplia significativamente o alcance internacional das nossas empresas e produtores.
Próximo passo: missão brasileira à China
Para reforçar a relação bilateral e aprofundar os eixos do acordo, uma comitiva composta por representantes da SNA e do SNASH embarca para a China em setembro. Durante a missão, o grupo participará de um seminário sobre desenvolvimento sustentável — tema cada vez mais crucial nas relações comerciais globais — e visitará a sede do Grupo de Hubei.
Além de reuniões técnicas, o objetivo é explorar oportunidades de cofinanciamento e expansão de startups brasileiras voltadas à agricultura regenerativa, segurança alimentar, biotecnologia e gestão hídrica. A expectativa é que essa aproximação abra portas para novas rodadas de investimento direto em soluções agrícolas desenvolvidas no Brasil.