O Brasil consolida sua posição como um dos novos protagonistas no mercado internacional de lichia, fruta tropical de polpa branca e sabor delicado que tem conquistado espaço nas prateleiras de consumidores exigentes ao redor do mundo. Com origem no sul da China, onde há séculos carrega simbolismos de sorte e prosperidade, a lichia hoje se transforma em um ativo estratégico da fruticultura brasileira — e os números mais recentes comprovam essa tendência.
Enquanto a maioria dos grandes produtores internacionais colhe entre maio e julho, o Brasil entra no jogo justamente na entressafra global, entre dezembro e janeiro. Essa vantagem competitiva, combinada à crescente demanda em mercados como China, Europa, Estados Unidos e Oriente Médio, tem permitido ao país ampliar sua fatia nas exportações de frutas exóticas. Com aroma floral, textura suculenta e elevada concentração de vitamina C, a lichia também atende ao apelo por alimentos saudáveis e com valor agregado, um fator cada vez mais determinante no comportamento de compra internacional.
Crescimento consistente nas exportações
O salto da lichia brasileira no mercado externo foi vertiginoso. Em menos de uma década, o país passou de exportações tímidas para volumes expressivos. Entre as safras de 2017/2018 e 2024/2025, o volume saltou de apenas 2,8 toneladas para 153,1 toneladas embarcadas. A tendência, agora, é de expansão ainda mais robusta, com expectativa de ultrapassar a marca histórica de 200 toneladas já na próxima temporada.
Esse avanço não acontece por acaso. O Brasil passou a investir de forma mais consistente na qualidade dos pomares, em práticas de colheita e na logística de transporte, garantindo que a fruta chegue ao consumidor final com frescor e sabor preservados. A localização estratégica de algumas áreas produtoras também favorece a dinâmica das exportações, especialmente nas semanas que antecedem o Natal e o Ano Novo Chinês — duas das datas comerciais mais relevantes para o comércio de frutas frescas no hemisfério norte.
Região paulista lidera a produção para exportação
Boa parte dessa performance é atribuída à produção localizada no Sudoeste Paulista, mais especificamente na região do Alto Paranapanema, onde atua a CPL da Lichia, um polo que vem ganhando destaque pela organização e eficiência de sua cadeia produtiva. Nessa área está localizado o pomar da marca BRITCHIS, responsável por exportar quase metade de toda a lichia embarcada pelo Brasil na última safra.
Com 73 toneladas vendidas ao exterior na temporada 2024/2025, a marca sinaliza um avanço significativo para a próxima safra, que começa em dezembro. A meta é superar as 120 toneladas, o que pode levar o país, pela primeira vez, a romper a barreira das 200 toneladas de lichia exportadas. Caso o cenário se confirme, o Brasil fechará o ciclo com um aumento de 30% sobre o desempenho anterior.
Perspectiva de longo prazo para a fruticultura
Além do desempenho comercial, a trajetória da lichia no Brasil sinaliza um amadurecimento do setor frutícola nacional como um todo. A adaptação da espécie ao clima tropical, aliada ao crescente domínio técnico dos produtores brasileiros, revela uma cadeia produtiva em processo de consolidação. O foco na diversificação das exportações, em especial com frutas de nicho e alto valor agregado, se alinha aos esforços para ampliar a participação do país no competitivo cenário global da fruticultura.
Com infraestrutura cada vez mais preparada, janela climática privilegiada e um produto que alia beleza, sabor e valor simbólico, o Brasil projeta uma nova fase para a lichia nacional, com potencial para se firmar como referência internacional — e transformar essa fruta milenar em um símbolo da modernização do agronegócio tropical brasileiro.