A ausência do café verde na lista de quase 700 exceções ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos surpreendeu o setor e gerou forte repercussão. A medida, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump como parte de sua política protecionista, afetaria diretamente o consumo interno norte-americano — especialmente considerando que o Brasil é o maior fornecedor mundial da bebida. No entanto, o cenário já começa a mudar, e há uma expectativa concreta de que o café brasileiro seja incluído na lista de isenções em breve.
O Brasil responde por cerca de 30% das importações de café verde feitas pelos EUA. Esse volume é considerado insubstituível no curto prazo por qualquer outro país, o que torna a exclusão do produto da lista de exceções um ponto de tensão. Na prática, manter a tarifa sobre o café implicaria em aumento de custos para torrefadoras e varejistas norte-americanos, com possível repasse ao consumidor final.
Expectativa de isenção sustenta o mercado
Mesmo sem confirmação oficial, o mercado financeiro já precificou a possível entrada do café na lista de exceções, o que trouxe uma leve estabilidade aos preços internacionais. A Bolsa de Nova York, referência global para o café arábica, chegou a registrar alta imediata após o anúncio inicial do tarifaço. No entanto, essa movimentação foi seguida por uma leitura mais cautelosa de médio prazo, com foco nos impactos sobre o consumo nos EUA.
O comportamento dos preços internos reflete esse compasso de espera. Desde então, os negócios no Brasil têm acontecido de forma moderada, com produtores e compradores em compasso de espera por uma definição clara da política norte-americana. A volatilidade diminuiu, e os preços deixaram de registrar grandes oscilações — um sinal de que o setor aposta na reversão da medida tarifária.
Queda de preços veio antes das tarifas
Importante destacar que a queda nos preços do café observada a partir do segundo trimestre de 2025 não está diretamente ligada às tarifas impostas pelos EUA. A retração já vinha ocorrendo como consequência das boas perspectivas para a nova safra brasileira e da regularização da oferta global, principalmente do café robusta.
As condições climáticas de 2024 haviam provocado escassez de grãos, elevando os preços no mercado internacional até o início deste ano. Com a chegada da nova safra e um inverno menos rigoroso que o previsto, os estoques voltaram a crescer e os preços começaram a ceder. Ainda assim, a oferta de arábica continua restrita em relação ao ano passado, o que mantém certo suporte nos valores de mercado.