Os mercados internacionais de café amanheceram sob tensão nesta quarta-feira (30), refletindo o nervosismo do setor com a iminente entrada em vigor das tarifas comerciais anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump. O robusta, negociado na bolsa de Londres, registrou ganhos superiores a 4% ao longo da manhã, enquanto o arábica também operava em alta expressiva na ICE Futures, em Nova York. A instabilidade é alimentada pela possibilidade de taxação de cafés importados pelos Estados Unidos, medida que pode impactar diretamente as exportações brasileiras e desestabilizar os preços em todo o setor.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o Brasil foi responsável por cerca de 23% do café adquirido pelos EUA em 2024, consolidando-se como o principal fornecedor da bebida no mercado norte-americano. A Colômbia aparece na sequência com 17% e o Vietnã com 4%. No entanto, enquanto os embarques colombianos continuam isentos de tarifas, o Vietnã negocia uma alíquota mais branda de 20%, contrastando com os 46% inicialmente sugeridos. O cenário coloca o Brasil em desvantagem competitiva e acende o alerta entre produtores e exportadores.
O lobby para retirada do café da lista de produtos tarifados tem ganhado força. O U.S. Congressional Coffee Caucus, grupo parlamentar norte-americano que atua em defesa da cadeia cafeeira, manifestou preocupação com o impacto da medida sobre o mercado interno. Segundo o grupo, não há alternativas de cultivo viáveis nos Estados Unidos que possam substituir os grãos importados. Em linha semelhante, o Secretário de Comércio dos EUA indicou que produtos que não são cultivados em solo americano podem ser excluídos da taxação, o que renovou as esperanças de que o café escape da sobretaxa.
No Brasil, a colheita da safra 2025/2026 segue avançando em ritmo acelerado e já superou os 70%, conforme boletim recente do Escritório Carvalhaes. Entretanto, a qualidade do arábica preocupa os agentes de mercado, especialmente pelo impacto da quebra de rendimento dos grãos beneficiados, o que pode comprometer parte da oferta e elevar ainda mais a pressão sobre os preços.
Na abertura do pregão, os contratos futuros do arábica apresentavam valorização significativa: alta de 205 pontos, cotado a 298,55 cents por libra-peso no vencimento de setembro de 2025; aumento de 160 pontos, alcançando 291,35 cents/lbp no contrato de dezembro; e valorização de 140 pontos, com 284,75 cents/lbp para março de 2026.
O robusta também acompanhava a tendência positiva, com avanço de US$ 150 e preço de US$ 3.495 por tonelada no contrato de setembro. Em novembro, o grão era negociado a US$ 3.414, com valorização de US$ 124, e o contrato de janeiro de 2026 marcava US$ 3.355 por tonelada, após alta de US$ 104.