Resumo
• Flávia Brunelli une tradição familiar italiana e inovação ao apostar em cortes premium da raça suína Duroc no Brasil.
• A chef fundou a Del Veneto, casa de carnes especializada em suínos nobres, atendendo restaurantes estrelados e consumidores exigentes.
• A raça Duroc se destaca por rusticidade, marmorização e sabor marcante, atributos valorizados pela alta gastronomia.
• O movimento impulsiona toda a cadeia produtiva, estimulando melhorias em genética, manejo e bem‑estar animal.
• O consumo de carne suína cresce no país, indicando mudança cultural e maior interesse por produtos diferenciados.
A carne suína sempre fez parte do cotidiano brasileiro, mas por muito tempo permaneceu associada aos cortes populares e ao preparo caseiro. Em meio a essa tradição, uma mulher decidiu romper paradigmas e apresentar um novo capítulo para a suinocultura nacional. Flávia Brunelli, chef e empreendedora, está à frente de um projeto que une legado familiar, técnica e visão de mercado: oferecer ao consumidor cortes suínos premium com padrão internacional, apostando na raça Duroc.
Flávia não é apenas mais uma profissional do ramo. Seu envolvimento com a suinocultura vem de gerações. Descendente de uma família italiana com quase um século de experiência na criação da raça Duroc, ela cresceu entre os manejos da fazenda e o aroma das boas receitas. Mas foi há sete anos que decidiu transformar esse histórico em negócio. Surgia, então, a Del Veneto, casa de carnes que se tornou referência na oferta de cortes suínos nobres e que hoje atende restaurantes estrelados e consumidores exigentes por meio do e-commerce.
A valorização da raça Duroc no Brasil
A escolha pela raça Duroc não foi por acaso. Considerada uma das mais robustas e adaptáveis à criação em clima tropical, a linhagem apresenta características que a diferenciam no sabor e na textura da carne. Os suínos da Del Veneto atingem entre 150 e 170 quilos, desenvolvendo um equilíbrio ideal entre gordura e musculatura — algo essencial para quem busca excelência culinária.
A rusticidade natural da raça, somada ao alto desempenho no ganho de peso e à conversão alimentar eficiente, permite ao produtor entregar uma carne suculenta, marmorizada e rica em sabor. “O brasileiro ainda conhece pouco do potencial gastronômico da carne suína. Nosso desafio é mostrar que há muito mais além da panceta ou do lombo. O Duroc tem atributos que encantam até os chefs mais exigentes”, explica Flávia.
Quando o terroir encontra a alta gastronomia
E não são apenas palavras: os cortes da Del Veneto marcam presença em cozinhas renomadas do país. Restaurantes como o D.O.M., comandado por Alex Atala, e o Evvai, do chef Luiz Filipe Souza, apostam na panceta, no filé mignon suíno e até no raro ancho suíno para compor pratos autorais que misturam tradição e sofisticação.
Ao mesmo tempo, a empresa mantém o olhar voltado para o consumidor final, oferecendo seus produtos por meio de um e-commerce com entregas no estado de São Paulo. Essa aproximação entre produtor e cliente reforça um dos pilares do negócio: promover a valorização da origem e da transparência na cadeia produtiva da carne.
Impacto na cadeia e mudança de percepção
Investir em carne suína premium vai além do sabor. A movimentação gerada pela valorização da raça Duroc já influencia outros elos da cadeia: frigoríficos modernizam seus processos, distribuidores refinam sua operação, e pequenos produtores começam a apostar em genética e bem-estar animal como diferenciais competitivos.
Aliás, o próprio mercado já sinaliza abertura para essa transformação. Dados da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) mostram que o consumo per capita da carne suína cresceu 33,4% na última década, atingindo 19,3 quilos por pessoa. No mesmo período, o consumo de carne bovina e de frango sofreu retração. Para o setor, os números revelam uma mudança de comportamento — o consumidor está mais atento à qualidade, procedência e novas experiências à mesa.



