O mês de novembro trouxe uma boa notícia para o bolso dos brasileiros: o preço da cesta básica caiu em 24 das 27 capitais brasileiras. O dado foi divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que reforçaram a tendência de desaceleração dos alimentos essenciais, com destaque para o arroz, o tomate e o leite integral.
Os recuos mais expressivos ocorreram nas capitais de Macapá (-5,28%), Porto Alegre (-4,10%), Maceió (-3,51%), Natal (-3,40%) e Palmas (-3,28%). Apenas três cidades registraram alta nos preços: Rio Branco (0,77%), Campo Grande (0,29%) e Belém (0,28%). A tendência de deflação foi observada principalmente em produtos com maior oferta no campo ou beneficiados por safras recentes.
Capitais do Norte e Nordeste concentram as cestas mais baratas
O levantamento também mostra disparidades significativas nos valores médios da cesta entre as capitais. Em Aracaju, o conjunto de alimentos básicos custou R$ 538,10 — o menor entre todas as cidades. Maceió, Natal, João Pessoa e Salvador também estão entre as capitais com menores preços, todas abaixo dos R$ 600,00.
Já nas regiões Sudeste e Sul, o custo permanece mais elevado. São Paulo lidera com R$ 842,26, seguido por Florianópolis (R$ 800,68), Cuiabá (R$ 789,98), Porto Alegre (R$ 789,77) e Rio de Janeiro (R$ 783,96). Essas diferenças refletem, entre outros fatores, os custos logísticos, hábitos alimentares e a composição regional da cesta básica.
Tempo de trabalho e salário mínimo: onde o custo pesa mais
São Paulo não só apresenta a cesta mais cara como também exige o maior esforço do trabalhador para adquiri-la: são necessárias 121 horas e 55 minutos de trabalho, o que representa 59,91% de um salário mínimo líquido. Na outra ponta, Aracaju se mantém como a capital onde a compra do conjunto de alimentos exige menor tempo de trabalho: 77 horas e 59 minutos, o equivalente a 38,32% da remuneração mensal líquida.
Esses dados reforçam a importância do monitoramento regionalizado da cesta básica para avaliar o poder de compra real dos brasileiros em diferentes partes do país.
Arroz, tomate, leite e açúcar: os itens que puxaram a queda
Entre os alimentos que apresentaram queda generalizada está o arroz agulhinha, cujo preço recuou em todas as capitais. A maior redução foi registrada em Brasília (-10,27%), enquanto Palmas teve a menor variação (-0,34%). A ampla oferta do grão, resultado direto da safra recorde anunciada para 2025, contribuiu decisivamente para esse recuo.
O tomate, por sua vez, apresentou a maior volatilidade de preços, com quedas em 26 capitais. Em Porto Alegre, o valor despencou -27,39%, o maior entre todas, puxado pela maior maturação das lavouras e consequente aumento de oferta. Em Boa Vista, a queda foi mais moderada, de -3,21%.
Já o leite integral teve seu preço reduzido em 24 capitais, reflexo do excesso de produção no campo e da entrada de derivados importados no mercado. Porto Alegre novamente liderou as baixas, com -7,27%.
Outro item com recuo expressivo foi o açúcar, que ficou mais barato em todo o país. A combinação entre maior oferta nacional, redução nas cotações internacionais e menor demanda ajudou a derrubar os preços. Em Boa Vista e Aracaju, as quedas ultrapassaram 6%.
Por fim, o café em pó — produto de presença garantida na mesa dos brasileiros — teve retração em 20 capitais. Entre os destaques estão São Luís (-5,09%) e Campo Grande (-3,39%), beneficiadas por uma safra produtiva e pela lentidão nas exportações.
Expansão do monitoramento fortalece políticas públicas
A parceria entre Conab e Dieese permitiu ampliar o número de capitais monitoradas, passando de 17 para as 27 atualmente incluídas na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Os dados começaram a ser divulgados de forma unificada em agosto de 2025, alinhando-se com as diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
Para o presidente da Conab, Edegar Pretto, os números refletem os efeitos diretos de políticas públicas eficazes no campo. “A notícia é maravilhosa. É mais economia no bolso do povo brasileiro. O Brasil está colhendo a maior safra agrícola da nossa história, e isso está chegando ao consumidor na forma de produtos mais baratos e de excelente qualidade”, afirmou.



