A China reforçou seus estoques de soja em agosto e registrou um dos maiores volumes de importação da oleaginosa já vistos para o mês. O movimento, que reflete a tentativa de mitigar riscos de fornecimento no último trimestre de 2025, foi amplamente sustentado pelo Brasil, embora os Estados Unidos tenham registrado um crescimento notável nas vendas externas para o mercado chinês.
Segundo dados alfandegários divulgados no sábado (20), e repercutidos pela agência Reuters, a China importou 10,49 milhões de toneladas de soja brasileira em agosto, o que corresponde a 85,4% de todo o volume adquirido no mês. O avanço em relação ao mesmo período do ano anterior foi de 2,4%, consolidando mais uma etapa de volumes recordes consecutivos — algo já observado entre os meses de maio e julho deste ano.
Entretanto, os Estados Unidos voltaram a ganhar espaço, ainda que em menor escala. Com 227 mil toneladas exportadas para o gigante asiático em agosto, os norte-americanos registraram um crescimento de 12,3% em relação ao ano passado. A ampliação da janela de exportação, proporcionada por atrasos na colheita brasileira e entraves logísticos no desembaraço aduaneiro no primeiro semestre, favoreceu a retomada temporária das remessas americanas.
Brasil segue como fornecedor dominante no acumulado anual
Mesmo diante desse avanço pontual dos EUA, o Brasil mantém a liderança incontestável no acumulado do ano. De janeiro a agosto, foram embarcadas 52,74 milhões de toneladas de soja brasileira para a China, segundo os mesmos dados oficiais. Ainda que o número represente uma queda de 2% em relação a 2024, o volume continua muito à frente dos concorrentes diretos.
Na outra ponta, os Estados Unidos alcançaram 16,8 milhões de toneladas exportadas no mesmo período, o que representa um avanço expressivo de 30,9% frente ao ano anterior. A diferença, porém, ainda é significativa, reafirmando o papel do Brasil como o principal elo entre a demanda chinesa e o fornecimento global da oleaginosa.
Argentina oscila e mantém papel secundário
Já as importações de soja da Argentina oscilaram ao longo do ano. Em agosto, a China comprou 1,05 milhão de toneladas do país vizinho, uma queda de 18,6% em comparação a 2024. No acumulado de janeiro a agosto, no entanto, os embarques totalizaram 1,72 milhão de toneladas, um leve crescimento de 6,2%.
Apesar da recuperação argentina, o país sul-americano ainda ocupa um espaço discreto no mercado chinês, especialmente diante da dominância brasileira e da crescente investida norte-americana.
Safra americana ainda não foi contratada pela China
Mesmo com o avanço recente, a China ainda não reservou nenhum volume da nova safra norte-americana, o que mantém o cenário em aberto para os próximos meses. A expectativa é que Pequim continue diversificando suas fontes de fornecimento, mas com prioridade para parceiros que oferecem estabilidade logística, volume competitivo e relações comerciais consolidadas — critérios que o Brasil segue atendendo com folga.
Aliás, enquanto os Estados Unidos tentam recuperar espaço em um cenário cada vez mais acirrado, o Brasil reafirma sua posição estratégica como principal exportador de soja do mundo, especialmente para o maior mercado consumidor global: a China.