Resumo
• A entrada do fundo canadense PSP na Citrosuco redefine a estrutura acionária e reforça o capital da maior exportadora de suco de laranja do mundo.
• O PSP amplia sua atuação no agronegócio brasileiro, alinhando-se a investimentos anteriores em grãos e florestas.
• A Citrosuco vive forte expansão de pomares e modernização da irrigação diante das mudanças climáticas.
• A empresa acelera sua diversificação geográfica após pressões tarifárias nos EUA, ampliando presença na Ásia.
• A criação da Evera e as parcerias da Votorantim com fundos canadenses reforçam a estratégia de inovação e visão de longo prazo.
A Citrosuco, reconhecida como a maior exportadora de suco de laranja do mundo, inicia um capítulo relevante em sua trajetória corporativa com a entrada do PSP Investments, fundo de pensão canadense que passa a compor o quadro societário ao lado da Votorantim e do Grupo Fisher. A transação cria uma estrutura acionária tripartite, fortalecendo o capital da companhia em um momento de mudanças climáticas, pressão competitiva e crescente demanda global por derivados cítricos.
A decisão do PSP não é isolada: o fundo, que encerrou o ano fiscal de 2025 administrando US$ 300 bilhões, vem ampliando sua atuação em negócios ligados a recursos naturais, agricultura e florestas. Ao longo dos últimos anos, investiu em cadeias produtivas de milho, soja, café, além de projetos florestais de pinus e eucalipto. A entrada na Citrosuco reforça esse posicionamento, embora o valor da operação não tenha sido divulgado.
Capital, estratégia e visão de longo prazo
Para a Citrosuco, a presença do investidor canadense representa mais do que uma ampliação da base acionária. Trata-se de uma convergência de agendas. Segundo Mario Bertoncini, CEO da companhia,
“O PSP traz expertise setorial complementar, fortalece nossa base de capital e adiciona um horizonte de investimento de longo prazo, que está alinhado ao nosso compromisso com sustentabilidade, competitividade, resiliência, diversificação e crescimento global.”
Bertoncini assumiu a liderança da empresa há apenas quatro meses, após trajetória em outras unidades do grupo Votorantim, e conduz um dos programas de expansão mais robustos da história da empresa. Esse movimento inclui novos pomares em regiões como o sudoeste de Minas Gerais e o Mato Grosso do Sul, além do reforço nos sistemas de irrigação — necessidade ampliada pela redução da janela de chuvas provocada pelas mudanças climáticas.
Expansão global e resposta a pressões externas
Nos últimos anos, a companhia enfrentou desafios como o aumento de tarifas nos Estados Unidos, historicamente seu principal mercado. O episódio acelerou a estratégia de diversificação geográfica, aproximando a Citrosuco de novos consumidores na Ásia, onde o interesse por suco de laranja e derivados tem crescido de maneira consistente.
Assim, o reforço de capital chega em momento oportuno, permitindo que a empresa avance em mercados emergentes e fortaleça sua resiliência diante de oscilações regulatórias internacionais.
Inovação: quando o bagaço vira negócio
Em 2022, a Citrosuco inaugurou mais um vetor estratégico ao criar a Evera, divisão que eleva o valor agregado dos resíduos industriais do processamento da laranja. O óleo da casca, o bagaço e as sementes passaram a dar origem a ingredientes destinados às indústrias alimentícia e de perfumaria, além de fibras naturais que substituem insumos sintéticos. Esse braço de inovação reforça a busca da companhia por circularidade e novos modelos de receita, alinhados às tendências mundiais de sustentabilidade.
O movimento canadense no setor produtivo brasileiro
A entrada do PSP na Citrosuco marca a terceira grande transação da Votorantim com fundos de pensão canadenses, que compartilham um perfil de investimentos de longo prazo e capacidade para sustentar ciclos estratégicos extensos.
Na Auren, por exemplo, a chegada do CPPIB resultou na multiplicação da capacidade energética de 0,38 GWm para 8,8 GWm, consolidando a empresa entre as principais plataformas integradas de energia do país. Já no setor de cimento, a Votorantim firmou parceria com o CDPQ para estruturar ativos na América do Norte.



