Resumo
A Conab anunciou pacote de R$ 300 milhões para escoar 630 mil toneladas de arroz da safra 2024/25 e sustentar os preços no Rio Grande do Sul.
O objetivo é evitar que produtores abandonem o cultivo do arroz por falta de rentabilidade.
Serão usados três mecanismos: PEP, Pepro e AGF, com início dos leilões previsto em até 15 dias.
O governo comprará até 130 mil toneladas para os estoques públicos, reforçando a segurança alimentar.
A safra 2025/26 deve ter retração, mas clima favorável pode ajudar se o apoio financeiro for eficaz.
Em um momento decisivo para o setor orizícola brasileiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou um novo pacote de medidas com potencial para movimentar até 630 mil toneladas de arroz da safra 2024/25. A iniciativa, apresentada em Porto Alegre, tem como foco principal assegurar o escoamento da produção gaúcha, estabilizar os preços e preservar a rentabilidade dos agricultores. Com um investimento total estimado em R$ 300 milhões, a ação contempla diferentes mecanismos previstos na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), funcionando como um colchão de proteção em um cenário de instabilidade no mercado interno.
O lançamento do programa contou com a presença do presidente da Conab, Edegar Pretto, além de lideranças da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul) e da Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz). Durante a apresentação, Pretto enfatizou que o pacote foi pensado para conter a evasão de produtores para outras culturas. “O agricultor, antes de plantar, faz contas. Se o arroz não compensar, ele muda. Nossa intenção é garantir que continue sendo viável plantar arroz no Brasil”, destacou.
Mecanismos de apoio e garantia de preço mínimo
As ferramentas escolhidas pela Conab para dar suporte ao setor são conhecidas dos produtores: o Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e as Aquisições do Governo Federal (AGF). A lógica por trás desses mecanismos é compensar financeiramente o produtor ou a cadeia produtiva sempre que o preço de mercado estiver abaixo do mínimo estipulado pelo governo federal.
No caso do arroz gaúcho, os valores atuais pagos aos produtores estão em torno de R$ 58 por saca de 50 kg — cifra abaixo do preço mínimo fixado em R$ 63,64. Diante disso, a Conab prevê utilizar cerca de R$ 100 milhões para executar as operações de PEP e Pepro, que devem começar nas próximas duas semanas e movimentar aproximadamente 500 mil toneladas.
No modelo PEP, o incentivo vai para comerciantes e indústrias que adquirirem o arroz pelo preço mínimo e se comprometerem a transportar o produto para fora da região Sul, o que ajuda a regular o estoque regional. Já no Pepro, o recurso é repassado diretamente ao produtor rural, desde que ele comprove a comercialização e o escoamento do produto por valor equivalente ao mínimo. Ambas as estratégias visam manter o fluxo da produção e estimular novos plantios, reduzindo o risco de retração da atividade.
A terceira frente do pacote, as Aquisições do Governo Federal (AGF), permitirá que o Estado adquira diretamente até 130 mil toneladas de arroz, compondo os estoques públicos estratégicos. O aporte previsto para essa operação é de R$ 200 milhões, o que reforça a intenção de garantir segurança alimentar e estabilidade ao setor.
Perspectivas para a safra e preocupações com a retração
Embora as medidas tragam alívio momentâneo ao mercado, a Conab também acendeu o sinal de alerta para a próxima temporada. O primeiro levantamento da safra 2025/26 aponta redução tanto na área plantada quanto na produção estimada no Rio Grande do Sul, maior polo orizícola do Brasil. A projeção é de queda de 3,1% na área cultivada, totalizando 938,1 mil hectares, e retração de 10,5% na colheita, que deve chegar a cerca de 7,8 milhões de toneladas.



