O agronegócio brasileiro segue como um dos pilares mais sólidos da economia nacional, representando cerca de 25% do PIB e gerando milhões de empregos diretos e indiretos. Nos últimos seis anos, a força desse setor também se refletiu em uma modalidade financeira que tem ganhado cada vez mais relevância nas propriedades rurais: o consórcio de máquinas agrícolas.
A adesão crescente a esse modelo de aquisição vem transformando o planejamento financeiro de agricultores e pecuaristas. Ao mesmo tempo em que reduz custos e evita juros elevados, o consórcio permite que produtores de diferentes portes tenham acesso a máquinas modernas e tecnológicas, otimizando a produção e aumentando a rentabilidade no campo.
Expansão constante e resultados expressivos
Entre 2020 e 2025, o número de participantes ativos em grupos de máquinas agrícolas cresceu 149%, segundo levantamento da ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios). No início do período, eram cerca de 184 mil cotistas; neste ano, o total ultrapassa 460 mil produtores. Essa evolução comprova a consolidação do consórcio como instrumento de investimento seguro e eficaz no agronegócio.
O valor médio das cotas, hoje próximo de R$ 565 mil, reflete o movimento de modernização das propriedades. A ampliação de crédito, aliada às taxas de administração reduzidas — cerca de 0,087% ao mês —, reforça a atratividade do modelo em comparação a financiamentos tradicionais. Além disso, o prazo médio de 135 meses garante previsibilidade e flexibilidade aos produtores, fatores essenciais para um setor tão suscetível às variações de safra e clima.
Adesões em alta e protagonismo do Centro-Oeste
No mesmo período, as adesões cresceram 110,9%, resultado do aumento na confiança dos produtores e do reconhecimento do consórcio como uma ferramenta de planejamento a médio e longo prazo. As vendas de cotas saltaram de 32 mil em 2020 para 68 mil em 2025, movimentando R$ 17,1 bilhões — valor 13,7% superior ao registrado no ano anterior.
A região Centro-Oeste lidera as adesões, concentrando 36% do total, impulsionada pela força das culturas de soja, milho e algodão. Em seguida, vêm o Sudeste (25,6%) e o Sul (19,9%), enquanto as regiões Norte e Nordeste somam 18,5% das cotas comercializadas. O dado confirma o protagonismo do coração agrícola do Brasil, onde o consórcio se consolidou como alternativa eficiente para o avanço tecnológico no campo.
Perfil dos participantes e usos do crédito
A pesquisa também revela o perfil diversificado dos consorciados. Cerca de 67% são pessoas físicas, enquanto 33% representam pessoas jurídicas — entre cooperativas, produtores organizados e empresas do agronegócio. A maioria atua em propriedades de 50 a mais de 300 hectares, com destaque para o cultivo de soja (70%), milho (20%) e arroz (10%).
O crédito obtido por meio das contemplações, que cresceram 140% no período, tem sido utilizado não apenas para a compra de tratores e colheitadeiras, mas também para investimentos em infraestrutura rural. Muitos produtores destinam os recursos à construção de galpões, silos e áreas de confinamento, além da aquisição de equipamentos de irrigação, drones e sistemas de energia solar, reforçando o papel do consórcio como vetor de inovação e sustentabilidade.
Educação financeira e crescimento sustentável
De acordo com Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, o aumento nas vendas e nas contemplações está diretamente ligado à maturidade financeira dos produtores. “O consórcio vem sendo visto como uma alternativa inteligente de investimento, que respeita o ciclo produtivo e garante poder de compra à vista no momento da contemplação, sem juros e com custo final menor”, afirma o executivo.
A flexibilidade nos pagamentos também contribui para essa adesão. No agronegócio, os consórcios podem ser ajustados de acordo com o calendário das safras e colheitas, permitindo quitações anuais, semestrais ou mesmo com reforços programados. Essa personalização torna a modalidade ainda mais adequada à realidade do campo.



