Resumo
O BNDES liberou R$ 12 bilhões em crédito para renegociar dívidas rurais de produtores afetados por eventos climáticos entre 2020 e 2024.
O programa oferece até 9 anos para quitação, com 1 ano de carência, visando restaurar a capacidade produtiva e financeira no campo.
Podem aderir produtores, cooperativas e associações de municípios que decretaram calamidade e tiveram perdas superiores a 30% em duas safras.
Pelo menos 40% dos recursos serão destinados a agricultores familiares (Pronaf) e médios produtores (Pronamp), os mais vulneráveis.
A iniciativa busca garantir continuidade na produção agropecuária, proteger a economia regional e reforçar a segurança alimentar no país.
As dificuldades provocadas por eventos climáticos extremos têm colocado à prova a resiliência do produtor rural brasileiro. Chuvas em excesso, estiagens prolongadas, granizo e geadas atingiram lavouras em diferentes estados do país ao longo dos últimos anos, comprometendo não apenas a produção, mas o equilíbrio financeiro de milhares de agricultores. Para tentar reverter esse cenário e garantir a continuidade das atividades no campo, o BNDES abriu, no dia 16 de outubro, o protocolo para adesão ao novo Programa para Liquidação de Dívidas Rurais, que conta com R$ 12 bilhões disponibilizados pelo governo federal.
A iniciativa chega como resposta à escalada de inadimplência entre produtores de áreas que, entre 2020 e 2024, tiveram situação de emergência ou estado de calamidade reconhecidos oficialmente. Por meio de instituições financeiras credenciadas ao BNDES, será possível acessar recursos com prazo total de até 9 anos para pagamento, sendo o primeiro ano de carência. O objetivo é claro: restabelecer a capacidade produtiva de propriedades afetadas e preservar a atividade agropecuária em regiões vulneráveis.
Segundo o BNDES, o programa abrange não apenas produtores individuais, mas também cooperativas, associações e condomínios rurais. O foco está em operações que envolvam crédito rural de custeio e investimento, além de CPRs (Cédulas de Produto Rural) firmadas até 30 de junho de 2024. No entanto, só poderão aderir aqueles que comprovarem perdas superiores a 30% em pelo menos duas safras agrícolas, além de estarem em municípios com queda igual ou maior que 20% em duas das principais atividades produtivas locais no mesmo intervalo de tempo.
O recorte do programa também deixa evidente a intenção de alcançar os agricultores familiares e os médios produtores, historicamente mais vulneráveis às oscilações climáticas e à escassez de crédito. Pelo menos 40% dos recursos estão reservados para quem se enquadra nos critérios do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) e do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), garantindo maior proteção à base da cadeia produtiva.
A medida reforça o papel do BNDES como instrumento de execução de políticas públicas estruturantes para o setor agro. Assim como ocorreu em ações emergenciais no Rio Grande do Sul, a linha de crédito procura evitar a paralisação da atividade agrícola em zonas de crise, oferecendo fôlego financeiro, estímulo à retomada produtiva e suporte à segurança alimentar nacional.
Além do impacto direto sobre os produtores, o programa também funciona como um amortecedor para a economia regional e o abastecimento interno, fortalecendo a estrutura do campo num momento em que o Brasil volta a discutir o papel estratégico do agronegócio em seu desenvolvimento econômico e climático.



