A cultura cervejeira brasileira vive um de seus momentos mais expressivos. Segundo o recém-lançado Anuário da Cerveja 2025 — com dados referentes ao ano de 2024 — o Brasil já soma 43.176 cervejas registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
A diversidade, que já é reconhecida dentro e fora do país, agora se traduz também em números: são 55.015 marcas registradas e 1.949 cervejarias ativas, revelando um mercado em plena expansão e cada vez mais atento à inovação, à qualidade e ao comportamento do consumidor.
Produção em alta e protagonismo nacional
O volume total de produção de cervejas em 2024 alcançou 15,34 bilhões de litros, número que inclui desde os estilos mais populares, como a Lager Leve Clara, que lidera com 8,95 bilhões de litros, até as versões mais elaboradas, como a IPA e a Malzbier. A maior parte dessa produção — 24,7% — é composta por cervejas puro malte, elaboradas sem adição de adjuntos como milho, trigo ou centeio, consolidando uma tendência de valorização do produto mais artesanal e com apelo de qualidade.
Além disso, a presença do Brasil no mercado internacional também se fortaleceu. As exportações de cerveja cresceram 43,4% em relação a 2023, somando 332,5 milhões de litros enviados para fora do país. O Paraguai desponta como o principal destino das bebidas brasileiras, responsável por 66,5% do volume exportado. No total, a América do Sul concentra 97,7% das exportações nacionais, comprovando a força regional da cerveja brasileira.
Crescimento de cervejarias e a liderança dos estados
Em termos de estrutura produtiva, o país registrou um crescimento de 5,5% no número de cervejarias ativas, com 102 novos estabelecimentos em 2024. São Paulo segue como o estado com o maior número de cervejarias, com 427 unidades, seguido por Santa Catarina, que se destacou com o maior crescimento percentual, ao adicionar 25 novas cervejarias, representando um aumento de 11,1%.

Hoje, 790 municípios brasileiros já possuem ao menos uma cervejaria registrada, com uma média de uma para cada 109 mil habitantes. Porém, no Rio Grande do Sul, esse índice é bem mais promissor: há uma cervejaria para cada 32 mil moradores, consolidando o estado como um dos polos mais privilegiados quando se trata de oferta e acesso à bebida artesanal.
Rótulos e inovação: o Espírito Santo surpreende
Ainda que São Paulo lidere com folga, o destaque do ano ficou por conta do Espírito Santo, que teve o maior aumento de registros de cerveja, passando de 1.221 para 1.434 rótulos — um salto de 213 novos registros. A média nacional é de 22,2 produtos por cervejaria, mas em solo paulista esse número chega a 30 por unidade, evidenciando a vocação criativa do estado na formulação de novos sabores, receitas e estilos.
Cerveja sem álcool: tendência em ascensão
Um dos destaques do relatório é o avanço expressivo das cervejas sem álcool ou desalcoolizadas. Com um crescimento de 536,9% em 2024, esse tipo de bebida já representa 4,9% da produção nacional, acompanhando uma tendência global de consumo mais equilibrado e consciente. Além das versões 0,0%, há também espaço para os rótulos com baixo teor alcoólico, de até 2%, sem deixar de lado as tradicionais, que podem alcançar até 54% de graduação alcoólica.
Importação segue ativa, mas Brasil lidera com produção nacional
Apesar da força do mercado interno, o Brasil ainda importa cervejas, especialmente da Alemanha, que responde por 42,5% das importações totais com 3,18 milhões de litros. Dos quinze principais países exportadores para o Brasil em valor, nove são europeus, o que demonstra o interesse contínuo dos consumidores brasileiros por rótulos importados — especialmente aqueles com tradição histórica e estilos clássicos.
Uma cadeia que conecta campo, copo e cultura
Durante o lançamento do anuário, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou a relevância do setor cervejeiro como símbolo da produção agropecuária nacional. Para ele, a cerveja vai além da comemoração. Representa também emprego, dedicação, identidade cultural e conexão direta com o campo. O presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, reforçou: “Cerveja é agro, emprego, renda, diversidade, cultura e gastronomia. Cerveja é Brasil”.
O Anuário da Cerveja 2025 é mais do que um retrato estatístico: é um testemunho de como a bebida fermentada mais consumida no país segue se reinventando, conquistando novos mercados e, sobretudo, mantendo-se enraizada na paixão nacional por aromas, histórias e sabores únicos.