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Erva-mate supera R$ 1 bilhão e Paraná prepara nova fase de expansão da cultura
Publicado
2 dias atrásem
Por
Claudio P. Filla
Durante décadas, a erva-mate ocupou um papel central na economia paranaense, a ponto de ser conhecida como o “ouro verde” do Estado entre o início do século 19 e as primeiras décadas do século 20. Depois de um longo período de estagnação relativa, a cultura volta a ganhar fôlego e sinaliza a possibilidade de um novo ciclo de crescimento, agora sustentado por inovação, rastreabilidade e reposicionamento de mercado. Em 2024, a cadeia produtiva da erva-mate no Paraná alcançou um Valor Bruto de Produção de R$ 1,3 bilhão, reforçando sua relevância econômica e social.
Embora distante do peso de commodities como soja e milho no conjunto da economia estadual, a erva-mate mantém papel estratégico em diversas regiões produtoras. Em municípios do Centro-Sul, por exemplo, a atividade responde por uma parcela significativa da renda agrícola local, funcionando como base econômica para milhares de famílias e pequenos produtores. É nesse contexto que iniciativas públicas e institucionais vêm sendo estruturadas para transformar crescimento em valor agregado.
Tradição reconhecida, desafios ainda presentes
A conquista da Identificação Geográfica (IG) da erva-mate do Centro-Sul do Paraná representou um marco importante ao reconhecer a origem, a história e as características singulares do produto. Entretanto, o reconhecimento formal não encerra o processo. A consolidação da IG abriu caminho, mas revelou também a necessidade de avançar na diferenciação, no acesso a novos mercados e, sobretudo, na ampliação da rentabilidade no campo.
Atualmente, o Paraná reúne cerca de 30 mil produtores, que cultivam erva-mate tanto em sistemas sombreados na mata nativa quanto a pleno sol. Esse modelo produtivo responde por aproximadamente 70% da produção estadual e é visto como um dos principais ativos para agregar valor, desde que acompanhado por padrões técnicos mais rigorosos e maior controle de qualidade.
Inovação e pesquisa como eixo de transformação
Com o objetivo de dinamizar toda a cadeia produtiva, o governo estadual estruturou uma parceria entre a Invest Paraná e universidades públicas, com apoio financeiro do Fundo Paraná. O projeto prevê investimentos diretos em boas práticas agrícolas, rastreabilidade e padronização do produto, criando condições para ampliar a competitividade da erva-mate paranaense no mercado interno e externo.
Nesse mesmo movimento, foi lançado o Napi Erva-Mate: Inovação e Valorização, uma articulação que reúne universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo, com recursos da Fundação Araucária. A proposta é integrar produção, indústria e consumo, promovendo sistemas de cultivo mais sustentáveis, processos industriais mais eficientes e novas aplicações para a matéria-prima.
A iniciativa também busca reduzir contaminantes que dificultam a exportação, além de estabelecer parâmetros químicos e sensoriais capazes de definir um padrão de qualidade reconhecível da erva-mate paranaense.
Crescimento produtivo e avanço nas exportações
Os dados recentes confirmam o bom momento da cultura no Estado. Em 2024, a produção paranaense de erva-mate se aproximou de 900 mil toneladas, com crescimento superior ao registrado por outros estados produtores. Enquanto o Paraná avançou 5,2% em relação à safra anterior, o Rio Grande do Sul cresceu 4,6% e Santa Catarina, 2,5%.
No comércio exterior, embora os gaúchos ainda liderem com folga as exportações brasileiras, o Paraná vem ampliando sua participação. O Estado alcançou US$ 12 milhões em vendas externas em 2024, subindo para a segunda posição nacional e superando Santa Catarina. Os principais destinos continuam sendo Uruguai, Argentina e Síria, mas há expectativa de expansão para mercados mais exigentes, desde que os padrões de qualidade e rastreabilidade sejam consolidados.
Indústria, mercado e novos usos
A cadeia industrial também desempenha papel central nesse processo. Empresas com forte presença no mercado nacional absorvem parte significativa da produção paranaense e vêm apostando na diversificação de produtos à base de erva-mate. Além da erva tostada tradicional, cresce o interesse pela erva-mate verde, impulsionando categorias como chimarrão e tereré, que apresentam alto volume de consumo no país.
Esse movimento dialoga com a estratégia de ampliar o uso da erva-mate para além das bebidas tradicionais. Estudos em andamento apontam potencial de aplicação em alimentos funcionais, energéticos, chocolates, farinhas, sucos e até cervejas, além de possibilidades nos segmentos farmacêutico e cosmético. Ao diversificar usos e mercados, a cadeia produtiva reduz a dependência de poucos produtos e cria novas fontes de renda ao longo do processo.
Rastreabilidade e padrão como diferencial competitivo
Para sustentar essa nova fase, a definição de um padrão de qualidade se tornou prioridade. Análises químicas e sensoriais vêm sendo utilizadas para caracterizar o produto paranaense, enquanto ferramentas digitais de rastreabilidade passam a concentrar informações desde o campo até a indústria. O objetivo é oferecer transparência, segurança e identidade ao consumidor, atributos cada vez mais valorizados no mercado global.
Além disso, o reposicionamento de marketing baseado em tradição, origem e qualidade busca reforçar a imagem da erva-mate paranaense como um produto diferenciado, capaz de competir não apenas por preço, mas por valor. Atualmente presente em países da América do Sul, Europa e América do Norte, o produto ainda tem amplo espaço para crescer.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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