Muito além das prateleiras natalinas dos supermercados brasileiros, o panetone nacional vem ganhando paladares e prateleiras ao redor do mundo. Em 2024, as exportações da iguaria típica das festas de fim de ano atingiram 5,2 mil toneladas, o que representou uma receita de aproximadamente R$ 121,9 milhões para a indústria nacional. O dado reforça o protagonismo do produto no cenário da panificação e projeta o Brasil como um fornecedor competitivo e criativo no mercado internacional.
Segundo Rodrigo Iglesias, diretor internacional da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), o panetone é hoje o quarto item mais importante na pauta de exportações da entidade, ficando atrás apenas dos tradicionais biscoitos. “As empresas associadas à Abimapi são responsáveis por 95% de todo o volume exportado de panetones brasileiros, o que mostra a força e a organização do setor”, destaca.
Do tradicional ao sofisticado: o diferencial brasileiro
Apesar de o panetone de frutas cristalizadas seguir como referência da categoria, são as versões recheadas e com gotas de chocolate que vêm impulsionando a valorização do produto fora do país. Iglesias afirma que essa diversidade e sofisticação têm gerado diferencial competitivo. “O preço médio de exportação em 2024 foi de US$ 4 por quilo, o mais alto entre os produtos panificados, resultado direto da combinação entre qualidade de ingredientes e apresentação premium das embalagens”, explica.
Aliás, o investimento das marcas brasileiras no design e na identidade visual dos panetones tem atraído consumidores exigentes, que enxergam o produto não apenas como alimento sazonal, mas como presente sofisticado. Isso tem favorecido a ampliação dos mercados e o aumento do tíquete médio por unidade exportada.
Estados Unidos lideram, mas outros países se destacam
Com embarques que se concentram entre julho e janeiro, o ciclo de exportações de panetones segue um calendário que respeita o período de festividades internacionais. Nesse cenário, os Estados Unidos aparecem como o principal destino das remessas brasileiras, com 3,2 mil toneladas adquiridas somente em 2024, totalizando um faturamento de US$ 12,1 milhões, o equivalente a cerca de R$ 70 milhões.
“Até agosto, as vendas para o mercado norte-americano cresceram 130%, e esperamos fechar o ciclo de exportações de 2025 mantendo esse patamar elevado”, revela Iglesias. A demanda no país se justifica pela ampla comunidade latino-americana e pela busca por produtos com forte apelo cultural e artesanal.
Novos horizontes na rota do panetone nacional
Embora os EUA sejam o maior destino, outros mercados vêm ganhando força significativa. Países como Japão, México, Venezuela, Peru, Canadá, República Dominicana e Chile registraram um crescimento expressivo em 2024, multiplicando por cinco os volumes adquiridos em relação ao ciclo anterior. De acordo com Iglesias, esse avanço reflete um planejamento estratégico mais robusto das empresas exportadoras, que têm se antecipado às negociações já nos primeiros meses do ano.
“O desempenho desses novos mercados mostra que o panetone brasileiro deixou de ser um produto apenas sazonal para se tornar uma categoria com potencial global, adaptável a diferentes culturas e perfis de consumo”, conclui Iglesias.