Mesmo diante de desafios no cenário internacional, a piscicultura brasileira surpreendeu no primeiro semestre de 2025 com números recordes. O país não apenas elevou o volume de peixes exportados, mas também consolidou sua presença como um dos grandes fornecedores de proteína aquática no mundo. Os dados refletem a crescente valorização de espécies como a tilápia e o tambaqui, além da expansão de produtos com maior valor agregado, como os filés congelados.
Além disso, a performance positiva coloca o Brasil no radar de mercados exigentes, mesmo diante de barreiras tarifárias e entraves logísticos. O aumento de 52% no faturamento, se comparado ao mesmo período de 2024, sinaliza não apenas eficiência produtiva, mas também um amadurecimento da cadeia exportadora — com melhor estrutura, rastreabilidade e diversificação de formatos.
Tilápia impulsiona exportações no semestre
Entre janeiro e junho, o Brasil embarcou mais de 8 mil toneladas de peixe para o exterior, movimentando US$ 35,9 milhões. O destaque absoluto foi a tilápia, responsável por aproximadamente 95% do total exportado, consolidando sua posição como principal espécie da aquicultura nacional. O tambaqui, que aparece na sequência com 2% das vendas, continua sendo a espécie nativa mais comercializada para fora do país.
A concentração em poucas espécies ainda é uma característica da piscicultura brasileira, mas a alta qualidade dos produtos e o reconhecimento em mercados estratégicos ajudam a manter o ritmo de crescimento. Em termos mensais, março foi especialmente relevante, com mais de 1.600 toneladas enviadas ao exterior e uma receita superior a US$ 7,8 milhões.
Estados Unidos concentram quase toda a demanda
Boa parte desse desempenho positivo se deve à forte presença no mercado norte-americano. Os Estados Unidos responderam por impressionantes 90% das compras de pescado brasileiro no segundo trimestre, somando mais de US$ 15,6 milhões. Em seguida, aparece o Canadá, com participação modesta de 3%.
Esse domínio, no entanto, traz vulnerabilidades. A possibilidade de um aumento tarifário de 50% por parte do governo norte-americano acende o alerta para o setor. Como o Brasil ainda enfrenta restrições para exportar pescado à União Europeia desde 2017, abrir novos mercados em curto prazo é um desafio considerável. A busca por rotas alternativas e a valorização do consumo interno são apontadas como estratégias para minimizar riscos.
Produtos congelados ganham fôlego nas exportações
Um dado que chama a atenção nos resultados do segundo trimestre foi o expressivo avanço na categoria de filés congelados, que cresceram 126% em peso em relação ao trimestre anterior. A tendência indica uma diversificação importante na pauta exportadora, tradicionalmente centrada em filés frescos.
Esse movimento posiciona o Brasil com maior competitividade frente a grandes players do mercado internacional, sobretudo no segmento de pescados industrializados, que exigem alto controle sanitário e logística eficiente de refrigeração. Também vale destacar que, mesmo com a possibilidade de o Vietnã vender tilápia ao Brasil, não foram registradas importações dessa espécie no trimestre — o que demonstra a autossuficiência nacional no fornecimento ao mercado interno.