Em meio às articulações para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que será sediada em Belém do Pará em 2025, o agronegócio brasileiro decidiu reforçar seu posicionamento. Nesta terça-feira (19), a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniram com o objetivo de discutir mudanças significativas no chamado Plano Clima, documento que delineia a estratégia nacional frente à emergência climática global.
O setor entende que o plano elaborado pelo governo federal precisa refletir com mais precisão os avanços já consolidados pela agropecuária brasileira. Para os representantes da FPA, há pilares institucionais que diferenciam o Brasil em relação a outras nações em desenvolvimento — entre eles, o Código Florestal, um marco legal robusto que impõe regras de preservação únicas no mundo.
Além disso, metas como o desmatamento zero até 2030, a rastreabilidade nas cadeias produtivas e os sistemas de conformidade legal ganham destaque como argumentos centrais da bancada ruralista. A avaliação dos parlamentares é de que esses pontos já colocam o Brasil em uma posição privilegiada na agenda ambiental, sendo necessário apenas consolidá-los com maior ênfase no plano governamental.
Eixos do novo Plano Clima incluem adaptação e financiamento climático
Em resposta às pressões, o governo vem redesenhando o documento em três frentes principais: mitigação, adaptação e planejamento estratégico. A proposta deve estabelecer diretrizes claras até 2035, visando ao enfrentamento das mudanças climáticas com ações que englobam desde a agricultura até a infraestrutura urbana.
Um dos pontos mais sensíveis nas negociações está na busca por um financiamento climático robusto. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, articula a viabilização de um fundo de US$ 1,3 trilhão até 2035, que poderia garantir a implementação efetiva das metas ambientais, sobretudo em setores produtivos que exigem investimentos em tecnologia e transição verde.
Mesmo diante do compromisso com os objetivos climáticos, a Frente Parlamentar argumenta que qualquer plano nacional precisa reconhecer os esforços que o setor agropecuário já realiza para conciliar produtividade e conservação ambiental. O receio é de que o Brasil apresente à comunidade internacional um retrato incompleto da realidade rural, o que poderia comprometer sua imagem global no principal palco ambiental do planeta.