A floresta deixou de ser apenas cenário de exploração para se tornar símbolo de retomada. Em meio a uma das mais importantes ações de fiscalização ambiental do país, agentes federais apreenderam 1.797 metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, localizada no estado de Rondônia. A carga foi destinada a iniciativas públicas, como parte de um plano mais amplo para combater atividades criminosas e fortalecer a atuação estatal em áreas protegidas da Amazônia.
A ação integra a operação de desintrusão iniciada no dia 8 de setembro, coordenada pela Casa Civil da Presidência e envolvendo diversos órgãos federais, como Ibama, Funai, Polícia Federal, Exército, Censipam, ICMBio, INCRA e Força Nacional. A fiscalização foi realizada em uma serraria localizada no município de Monte Negro, região norte da terra indígena. No local, foram encontradas toras e madeira já beneficiada, totalizando um prejuízo estimado em R$ 539 mil aos exploradores ilegais.
Além dessa apreensão, o saldo geral das operações ultrapassa R$ 5,1 milhões em prejuízos às estruturas criminosas, com aplicação de multas, embargos e ordens de retirada de gado e construções ilegais dentro do território indígena.
Reutilização da madeira em projetos públicos
A madeira retirada de forma ilegal das áreas protegidas agora será reutilizada de forma socialmente responsável. Segundo Cleide Souza, coordenadora da operação, os materiais terão destinos específicos. As toras serão usadas na construção de estruturas no sistema prisional de Buritis (RO), como lavanderias e refeitórios. Já a madeira beneficiada servirá para erguer a base Boa Vista da Funai no município de Mamoré, fortalecendo a vigilância em terras indígenas da região.
O transporte da madeira ocorreu entre os dias 27 e 29 de setembro, como parte do plano logístico da operação, que prioriza o aproveitamento dos bens apreendidos de forma transparente e com foco em políticas públicas.
Avanço da operação e proteção territorial
Entre os dias 21 e 27 de setembro, as equipes realizaram 31 novas ações, totalizando 115 operações desde o início das atividades. As abordagens incluem fiscalizações ambientais, sobrevoos de patrulhamento, inspeções terrestres e notificações em pontos considerados estratégicos ou críticos dentro e no entorno do território indígena.
A Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau abriga atualmente 426 indígenas, pertencentes aos povos Jupaú (Uru-Eu-Wau-Wau), Amondawa, Juma, Oro Win e Cabixi, além de grupos em isolamento voluntário. Distribuídos em 12 aldeias, os povos têm seus modos de vida ameaçados pela invasão de madeireiros, grileiros e pecuaristas — o que reforça a importância da presença constante do Estado na região.