No coração da Amazônia, uma nova política de incentivo à economia local começa a ganhar forma. O Governo Federal anunciou, em evento realizado em Macapá, a liberação de R$ 500 milhões em microcrédito produtivo para pequenos agricultores e empreendedores da região Norte. A iniciativa, além de fomentar o crescimento de negócios locais, tem como meta promover autonomia financeira, fortalecer a agricultura familiar e impulsionar cadeias produtivas com grande potencial sustentável.
Com foco nas comunidades rurais e urbanas, o recurso será operado por meio do programa de microcrédito vinculado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), responsável por articular as linhas de crédito e coordenar o apoio técnico aos beneficiários. A expectativa é beneficiar mais de 100 mil produtores com financiamentos que variam entre R$ 8 mil e R$ 15 mil, em condições acessíveis e com bônus de até 40% para quem mantém os pagamentos em dia.
Além disso, a taxa de juros fixada em apenas 0,5% ao ano e o prazo de três anos para quitação tornam o crédito uma alternativa viável para quem deseja investir sem comprometer sua estabilidade financeira. As modalidades foram pensadas para atender diferentes perfis, com atenção especial às mulheres, jovens e agricultores familiares, grupos que compõem a espinha dorsal da economia em boa parte dos municípios nortistas.
Parcerias que ampliam o alcance do crédito na ponta
Para garantir que os recursos cheguem de fato a quem precisa, o programa conta com o apoio direto do Banco da Amazônia (Basa) e da Caixa Econômica Federal. O Basa será o principal responsável pelas operações rurais, aplicando os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) em projetos ligados à agricultura familiar e à produção comunitária. Já a Caixa atuará na linha de frente do microcrédito urbano, apoiando pequenos comerciantes, prestadores de serviços e empreendedores informais, com atuação reforçada nas cidades amazônicas.
A lógica dessa parceria é simples, mas eficaz: enquanto o Basa foca na roça, a Caixa está nas ruas. Isso garante capilaridade ao programa, permitindo que o crédito percorra todos os caminhos da economia real — do campo à feira, da pesca artesanal ao salão de beleza, da produção de açaí ao carrinho de lanche.
Amapá lidera operações e mostra impacto local
O estado do Amapá, onde a iniciativa foi anunciada, já colhe os primeiros frutos. Somente em 2025, foram mais de R$ 14,5 milhões liberados, distribuídos em 1.230 contratos firmados com produtores e empreendedores locais. Essa mobilização vem sendo fortalecida por mutirões itinerantes de atendimento e por uma ampla articulação entre o Governo do Estado, prefeituras, cooperativas e o Banco da Amazônia.
De acordo com o governador Clécio Luís, a medida representa um avanço para a base econômica do estado, composta majoritariamente por pequenos agricultores, pescadores e comerciantes familiares. “Esse crédito chega a quem faz a economia girar nos nossos municípios. É mais renda, mais dignidade e mais desenvolvimento sustentável para o nosso povo”, declarou o governador.
Desenvolvimento regional com foco nas vocações locais
Mais do que liberar crédito, o Governo tem apostado em estratégias integradas de valorização das cadeias produtivas típicas da região. Um dos destaques é a Rota do Açaí, que recebeu R$ 5 milhões para capacitação de produtores e estruturação de polos produtivos. A Rota do Pescado, por sua vez, teve R$ 1,6 milhão direcionado para fomentar a piscicultura e desenvolver um Centro de Alevinagem em Tartarugalzinho.
Outra iniciativa importante é a Rota da Economia Circular e TIC, voltada à inovação e reciclagem, que ganhou R$ 3,7 milhões para expandir a Rede Reciclatech em seis municípios do Amapá. Esses investimentos demonstram uma política pública que vai além do financiamento e atua na construção de ecossistemas produtivos capazes de gerar impacto social e ambiental positivo.