Resumo
- A COP30 em Belém contará com uma composteira automatizada da startup gaúcha Igapó, que vai transformar 180 toneladas de resíduos orgânicos em adubo de alta qualidade.
- A tecnologia patenteada combina compostagem termofílica e vermicompostagem, com sistema automatizado e tambor rotativo que acelera o processo de decomposição.
- A composteira permanecerá em Belém após o evento, servindo como legado sustentável e solução prática para a gestão de resíduos urbanos.
- Com histórico em instituições como PUCRS e Hospital São Lucas, a Igapó já processou mais de 250 toneladas de resíduos e aposta na viabilidade econômica da compostagem.
- A startup projeta expansão para o Cone Sul e trabalha na automação com sensores de CO₂ e temperatura, integrando dados a plataformas inteligentes até 2026.
A COP30, conferência climática das Nações Unidas que será realizada em Belém do Pará, ganha um reforço brasileiro de peso na agenda de sustentabilidade: a compostagem automatizada desenvolvida pela startup gaúcha Igapó. Durante os 12 dias de evento, o sistema será responsável por processar até 180 toneladas de resíduos orgânicos gerados nas instalações da conferência.
Mais do que uma ação pontual, o projeto se consolida como um exemplo concreto de inovação aplicada à gestão de resíduos e como um legado permanente para a capital paraense.
Inovação automatizada para transformar resíduos em adubo
Com tecnologia patenteada, a composteira da Igapó opera em duas fases: a compostagem termofílica — com temperaturas elevadas que aceleram a degradação dos resíduos — e a vermicompostagem, que utiliza minhocas para transformar o material em um adubo de alta qualidade. O processo é automatizado por meio de um tambor rotativo que regula a aeração e mistura dos resíduos, garantindo maior eficiência e uniformidade no produto final. Isso significa que, em poucos dias, o lixo orgânico da conferência poderá se tornar um composto fértil e útil para o solo urbano.
A versatilidade do equipamento também chama atenção. Seu formato modular permite adaptação a diferentes volumes de resíduos, o que possibilita a implantação tanto em grandes eventos quanto em instituições públicas e privadas com demanda permanente, como universidades, hospitais ou prefeituras. A própria startup já opera unidades em locais como a PUCRS, o Hospital São Lucas e a Prefeitura de Porto Alegre, tendo processado mais de 250 toneladas de resíduos desde sua fundação.
Legado ambiental para além do evento
A composteira já chegou a Belém e está em fase de instalação, acompanhada pela equipe técnica da Igapó. Ao final da COP30, o equipamento não será desmontado. Pelo contrário: será doado e permanecerá na cidade como uma ferramenta para a gestão sustentável de resíduos orgânicos, reforçando o compromisso da conferência com ações duradouras. A presença do sistema em um evento com relevância global também oferece à startup a vitrine ideal para mostrar o potencial da compostagem no enfrentamento das mudanças climáticas e no fortalecimento da economia circular.
“Está sendo um grande desafio logístico, mas também uma oportunidade histórica de mostrar o impacto positivo da compostagem na redução de resíduos e na economia circular. Esperamos que nossa tecnologia possa inspirar novas soluções para o manejo de resíduos em grandes eventos e áreas urbanas”, afirmou Artur Ferrari, fundador da Igapó.
Olhar para o futuro: automação e dados em tempo real
A participação na COP30 reforça um momento de expansão para a Igapó. A empresa foi contemplada em 2024 no edital Tecnova III, da FAPERGS, e trabalha no desenvolvimento de sensores que irão monitorar temperatura, peso e emissões de CO₂ dentro da composteira. Esses dados serão integrados a plataformas de cidades inteligentes e sistemas de controle de emissões de gases de efeito estufa, ampliando o uso da tecnologia como ferramenta de planejamento urbano e ambiental.
O objetivo da startup é ambicioso: alcançar uma capacidade de tratamento de 10.080 toneladas por ano até 2026 e expandir suas soluções para países do Cone Sul. A proposta é que, além de reduzir a quantidade de resíduos enviados a aterros sanitários, a tecnologia gere receita com a comercialização de adubo orgânico — um produto valorizado tanto pela agricultura urbana quanto por projetos paisagísticos e hortas comunitárias.



