O consumo de bebidas adulteradas, especialmente com metanol, é uma ameaça silenciosa que pode provocar intoxicações severas e até mortes. Diante de casos investigados no Paraná, uma equipe da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolveu uma tecnologia promissora: um sensor capaz de detectar a presença desse composto tóxico em poucos segundos.
Pequeno, reutilizável e de baixo custo, o dispositivo tem potencial para se tornar um aliado da saúde pública, especialmente em eventos e locais onde a fiscalização nem sempre é eficiente.
Tecnologia sensível ao vapor alcoólico
O sensor foi desenvolvido no Departamento de Física da UFPR e utiliza uma tinta condutora à base de água como elemento chave. A inovação está no fato de que o dispositivo reage de maneira distinta quando exposto a vapores de etanol ou metanol, alterando sua resistência elétrica conforme o composto. Essa diferença permite identificar rapidamente quando há presença de metanol em uma bebida, apenas pela aproximação do sensor ao copo.
A tecnologia, que se assemelha a um chip compacto, pode ser reutilizada várias vezes. Isso ocorre porque, após o uso, o próprio ar se encarrega de “limpar” as moléculas absorvidas pelo sensor, devolvendo suas propriedades iniciais. Ou seja, não se trata de um item descartável, mas de um equipamento funcional e durável, ideal para quem busca segurança sem abrir mão da praticidade.
Segurança que cabe no bolso
Além da eficácia na detecção, o projeto se destaca por sua portabilidade. Os pesquisadores imaginam o sensor incorporado a chaveiros, botons ou outros pequenos acessórios que podem ser levados facilmente na bolsa ou no bolso. Um LED embutido poderia acender para indicar a presença de metanol, alertando imediatamente o usuário.
Essa simplicidade é fruto de um design pensado para uso cotidiano, não apenas em laboratórios. A intenção dos idealizadores é tornar o sensor acessível ao público geral, permitindo que qualquer pessoa possa verificar a segurança de uma bebida antes de consumi-la. Isso é especialmente relevante em festas, eventos informais ou locais sem controle rígido de qualidade.
Da universidade para o mundo
O projeto, liderado pela professora Lucimara Stolz Roman e com participação ativa de jovens pesquisadores, já foi patenteado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Também foi divulgado em publicações científicas internacionais, o que confirma sua relevância técnica e seu potencial de aplicação prática.
No entanto, apesar da inovação e do reconhecimento, o sensor ainda precisa de investimentos para ganhar escala. A próxima etapa depende do interesse da indústria em transformar o protótipo em um produto viável para comercialização. Com apoio, essa tecnologia paranaense poderá alcançar bares, restaurantes, supermercados e o bolso dos consumidores.