A JBS encerrou o segundo trimestre de 2025 com um lucro líquido de US$ 528 milhões, resultado que representa um crescimento expressivo de 60,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da retração de 7,4% no Ebitda ajustado, que fechou em US$ 1,754 bilhão, a empresa manteve uma margem de 8,4%, evidenciando resiliência diante de desafios pontuais em alguns mercados. A receita líquida avançou 8,9% e atingiu US$ 20,998 bilhões, consolidando a posição da companhia no cenário global.
Para o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, o desempenho confirma a força do modelo de negócios diversificado. “Mesmo com um terço do nosso negócio nos Estados Unidos operando no negativo, conseguimos crescer, gerar margem e entregar lucro”, afirmou, destacando a importância da plataforma multiproteína e da atuação internacional para sustentar os resultados.
Divisões que sustentaram o desempenho
O avanço no trimestre teve como destaque as operações da Seara, da Pilgrim’s Pride e da JBS Austrália. A Seara obteve receita de US$ 2,166 bilhões e Ebitda de US$ 391,8 milhões, mantendo uma robusta margem de 18,1% mesmo com impactos da gripe aviária e restrições temporárias de exportação.
A Pilgrim’s Pride registrou receita de US$ 4,75 bilhões e Ebitda de US$ 817,7 milhões, apoiada por custos mais baixos de insumos como milho e soja, além de mudanças no comportamento do consumidor, que intensificou o preparo de refeições em casa. Já a JBS Austrália alcançou receita de US$ 1,97 bilhão e Ebitda de US$ 290,2 milhões, beneficiada por maior oferta de carne bovina e evolução na área de aquicultura.
No Brasil, a divisão de carne bovina obteve receita de US$ 3,58 bilhões, alta de 20,2%, com Ebitda de US$ 228,6 milhões. O contraste veio da JBS Beef North America, que somou US$ 6,805 bilhões em receita, mas registrou Ebitda negativo de US$ 233 milhões, pressionada por margens mais estreitas.
Solidez financeira e gestão de dívida
A companhia encerrou o trimestre com US$ 3 bilhões em caixa e outros US$ 3,4 bilhões disponíveis em linhas de crédito rotativas, garantindo liquidez total próxima a US$ 7 bilhões. Segundo o CFO Guilherme Cavalcanti, a dívida líquida ficou em US$ 16,524 bilhões, aumento anual de 12%, mas a alavancagem caiu de 2,77 para 2,27 vezes no comparativo anual. O executivo ressaltou que o prazo médio da dívida foi ampliado de 11 para 15 anos, com redução no custo e sem pressões de vencimentos até 2032.
Investimento estratégico nos EUA
Em movimento alinhado à estratégia de ampliar o portfólio de produtos de maior valor agregado, a JBS USA anunciou um investimento de US$ 100 milhões para transformar uma planta adquirida em Ankeny, Iowa, na maior fábrica de bacon e linguiças prontas para consumo da empresa nos Estados Unidos.
Com 17.300 m², a unidade pertencia à rede de supermercados Hy-Vee e deve entrar em operação em meados de 2026, gerando aproximadamente 400 empregos quando todas as fases forem concluídas. De acordo com o CEO da JBS USA, Wesley Batista Filho, a expansão reforça o compromisso da companhia em atender às novas demandas do mercado de alimentos prontos.
A estrutura vai integrar-se à cadeia produtiva já presente em Iowa, que inclui outras quatro plantas da companhia, e utilizar parte da matéria-prima produzida na nova unidade de Perry, anunciada em maio, que será dedicada à produção de linguiças frescas. A planta de Ankeny, por sua vez, será responsável por linguiças totalmente cozidas e pela produção de bacon, ampliando a atuação da JBS no segmento.