A laranja da região de Tanguá, no interior do Estado do Rio de Janeiro, não é apenas mais uma fruta cítrica nos pomares brasileiros. Ela carrega uma história, uma identidade e agora também um selo oficial de excelência. Com seu sabor adocicado, acidez equilibrada e alto rendimento de suco, a variedade local vem ganhando projeção nacional por unir tradição agrícola e ciência aplicada.
Durante a tradicional Feira de Exposição da Laranja de Tanguá, que acontece até este domingo (21) no Centro Comunitário da Posse dos Coutinhos, o destaque vai para o concurso de qualidade das frutas. O evento celebra não apenas o potencial agronômico da cultura, mas o reconhecimento oficial que a fruta recebeu em 2022, ao conquistar o selo de Indicação Geográfica na categoria Denominação de Origem (IG-DO), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Território e terroir: a geografia que define o sabor
O selo IG-DO é resultado direto de estudos aprofundados realizados por equipes da Embrapa, que demonstraram cientificamente o que os produtores da região já sabiam por experiência: a laranja de Tanguá possui características únicas diretamente relacionadas ao território onde é cultivada. A pesquisa envolveu uma análise detalhada do clima, tipo de solo, regime hídrico e métodos de cultivo empregados por agricultores locais, permitindo uma correlação clara entre os fatores ambientais e o perfil sensorial da fruta.
Esse conjunto de condições, que compõe o chamado “terroir”, é o que garante à fruta uma doçura intensa, baixa acidez e aroma marcante, diferenciais que não se reproduzem com a mesma intensidade em outras regiões. O selo IG-DO abrange, além de Tanguá, os municípios vizinhos de Araruama, Itaboraí e Rio Bonito, todos inseridos na mesma faixa geoclimática que favorece o cultivo excepcional da fruta.
Evento reforça a valorização da cultura local
A Feira da Laranja é mais que um encontro entre produtores, técnicos e representantes institucionais: ela funciona como vitrine da força produtiva da agricultura familiar regional. A presença de representantes da Embrapa Agroindústria de Alimentos e da Embrapa Solos reforça o elo entre ciência e campo, e celebra os avanços que a pesquisa tem proporcionado à fruticultura local.
Durante o concurso, os frutos são analisados por uma comissão julgadora que avalia parâmetros como aparência, textura, teor de suco e sabor. Esses critérios permitem evidenciar os aspectos que diferenciam a laranja de Tanguá no cenário estadual, mas também reforçam sua aptidão para produtos com valor agregado, como sucos artesanais e derivados.