A produção de leite no Piauí tem se consolidado como um dos motores da economia rural, especialmente no norte do estado. Em 2024, o setor movimentou impressionantes R$ 222 milhões, refletindo o crescimento de uma cadeia produtiva que vem recebendo investimentos, inovação genética e políticas públicas voltadas para a inclusão de pequenos e médios produtores.
Municípios como São José do Divino, com mais de 9 milhões de litros produzidos, e Parnaíba, com 4,1 milhões, lideram o avanço da bacia leiteira piauiense. Outros polos, como Teresina, Luís Correia, Caraúbas do Piauí e Piracuruca, também ultrapassaram a marca de 1 milhão de litros anuais, segundo dados divulgados pelo IBGE em setembro.
Integração entre governo, assistência técnica e inclusão social
Esse crescimento não acontece por acaso. Ele é resultado da articulação entre diferentes frentes governamentais, com destaque para a atuação coordenada da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) e da Secretaria da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada). Juntas, essas instituições fomentam ações que vão da produção ao consumo, com impacto direto na renda do campo e na segurança alimentar das cidades.
Um exemplo é o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Leite. Por meio dele, os produtores rurais são conectados a laticínios credenciados, que fazem a pasteurização e o envase do leite, garantindo a qualidade do produto. Em seguida, o alimento é distribuído por meio dos Centros de Referência em Assistência Social (Cras) às famílias em situação de vulnerabilidade. Cada núcleo familiar atendido recebe, em média, quatro litros por semana.
Além de combater a insegurança alimentar, o programa assegura renda aos produtores, já que o pagamento feito pela SAF ultrapassa o valor médio de mercado, o que tem sido um diferencial importante para manter a atividade rentável, mesmo em períodos de oscilação de preços.
Melhoramento genético e acesso a crédito rural impulsionam produtividade
Outro fator determinante para o salto na produção é o Programa Piauí Mais Genética, que oferece inseminação artificial com sêmen de touros de alto valor genético. A ação tem como objetivo melhorar a qualidade do rebanho leiteiro e, consequentemente, aumentar a produtividade por animal. A estratégia também impacta positivamente o setor de carne, favorecendo uma cadeia integrada.
Paralelamente, os produtores também têm acesso a linhas de crédito rural. Em abril deste ano, por exemplo, 18 criadores de São José do Divino e região receberam mais de R$ 260 mil via Badespi, montante destinado à compra de matrizes, equipamentos e melhorias nas estruturas das propriedades.
Essa abertura ao crédito, somada à assistência técnica e à modernização genética, contribui para tornar o pequeno produtor mais competitivo e sustentável, com ganhos de produtividade em curto e médio prazo.
Cooperação regional fortalece logística e gestão da cadeia do leite
Em outra frente, o cooperativismo tem ganhado força como solução para os gargalos da produção. Em agosto, foi fundada em Piracuruca a Cooperativa dos Produtores de Leite do Estado do Piauí (Coopileite), com apoio da SAF. A entidade surge com a missão de fortalecer a gestão do PAA Leite, além de investir em infraestrutura, capacitação e logística de distribuição.
Entre os primeiros investimentos está a aquisição de um caminhão-tanque para facilitar o transporte do leite entre os laticínios e os centros de distribuição. A meta da Coopileite é assumir completamente a operacionalização do programa até 2026, com foco na autonomia dos produtores e na consolidação da cadeia leiteira como vetor de desenvolvimento econômico para o interior do estado.