O Porto de Paranaguá deu mais um passo estratégico para consolidar sua posição entre os principais corredores logísticos do agronegócio brasileiro. Com a autorização oficial para o aumento de calado — agora de 13,1 metros para 13,3 metros — os navios graneleiros passam a operar com maior capacidade de carga, transportando até 1.500 toneladas adicionais por embarcação, sem que isso represente aumento de custos logísticos para os operadores. A modificação foi estabelecida pela Portaria nº 188/2025 da Portos do Paraná, publicada nesta quarta-feira (17), e representa um avanço logístico com impacto direto na competitividade das exportações.
A elevação da lâmina d’água navegável tem efeito imediato no carregamento de granéis sólidos, como soja, milho, farelo e açúcar, produtos que representam boa parte do volume de escoamento pelo terminal. Essa medida técnica, apesar de parecer sutil, se traduz em ganhos operacionais expressivos ao longo do tempo. Desde a atualização anterior, em dezembro de 2024, quando o calado saltou de 12,8m para 13,1m, o porto já havia ampliado sua capacidade de movimentação em mais de 5%, refletindo em acréscimo superior a 800 mil toneladas exportadas até agosto deste ano.
Investimentos em infraestrutura sustentam o avanço
O sucesso da nova liberação se deve aos investimentos contínuos em dragagem e derrocagem executados pela gestão pública do terminal. Com a remoção de obstáculos submersos e aprofundamento do leito, os berços 201, 202, 204, 209, 211, 212 e 213 passaram a atender navios de maior calado com segurança e eficiência. A iniciativa também contou com a aprovação da Marinha do Brasil e do serviço de praticagem, responsável pela orientação técnica das manobras.
Essa evolução técnica reforça o compromisso do porto com o atendimento às demandas crescentes do agronegócio e da indústria exportadora, setores que exigem cada vez mais eficiência logística para manter a competitividade no mercado internacional.
Concessão do canal mira 15,5 metros de calado até 2030
O aumento recente é apenas o primeiro de uma série de mudanças previstas para os próximos anos. No dia 22 de outubro, a Bolsa de Valores do Brasil (B3) sediará o leilão de concessão do canal de acesso aos portos paranaenses. O projeto, que marca uma nova fase na modernização portuária, prevê a elevação do calado para 15,5 metros nos cinco primeiros anos da concessão, além da manutenção desse padrão até o final do contrato.
A empresa vencedora terá um pacote de obrigações que inclui estudos hidrográficos, novas dragagens, derrocagens adicionais, sinalizações náuticas e sistemas modernos de monitoramento. O investimento inicial estimado é de R$ 1,23 bilhão, a ser aplicado nos primeiros cinco anos de um contrato com vigência de 25 anos. Como incentivo, o edital propõe desconto imediato de 12,63% na taxa Inframar, paga pelas embarcações. A cobrança integral da tarifa dependerá do cumprimento rigoroso das metas estipuladas em edital.
Flexibilização de manobras já amplia eficiência operacional
Paralelamente ao aumento do calado, a Portos do Paraná atualizou em agosto a Norma de Tráfego Marítimo, flexibilizando manobras de desatracação nos berços utilizados para exportação de granéis vegetais. A mudança, instituída pela Portaria nº 144/2025, abrange os berços 201, 204, 212, 213 e 214 e permite maior fluidez nas operações, sem a dependência de maré ou restrições de corrente.
A alteração só foi possível após a remoção da ponta da Pedra da Palangana, um dos últimos entraves naturais que limitavam o canal de acesso. Com as novas simulações de manobra garantindo segurança nas operações, o porto ganhou não apenas eficiência, mas também mais liberdade para planejar saídas de navios em janelas de tempo mais estratégicas.