Mesmo sob o impacto das tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros e das taxas de juros ainda elevadas, o setor de máquinas agrícolas demonstrou vigor em julho. O mercado interno foi determinante para esse desempenho, sustentando um ritmo acelerado de vendas e indicando resiliência no campo.
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o faturamento do setor alcançou R$ 6,2 bilhões no mês, o que representa um crescimento de 7,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram vendidos 6.167 tratores e colheitadeiras, reforçando a retomada da confiança entre produtores rurais, especialmente nas regiões com maior produção de grãos.
Além disso, o acumulado entre janeiro e julho aponta para um salto ainda mais expressivo: o volume total de vendas chegou a R$ 40,07 bilhões, o que representa um avanço de 18,3% em comparação com o mesmo intervalo de 2024. Em unidades, o resultado é ainda mais impactante, com 33.582 máquinas comercializadas, um aumento de 115,9%, o que reforça o ritmo de modernização no campo.
Exportações perdem fôlego, mas acumulado segue positivo
Apesar do bom desempenho interno, o setor sentiu o impacto das barreiras comerciais impostas por Washington. As exportações caíram 7,7% em julho, totalizando US$ 140,7 milhões. Ainda assim, o saldo do ano continua positivo: US$ 887 milhões em vendas externas, resultado que representa uma alta de 8,9% no acumulado do ano.
Esse comportamento reflete a resiliência de empresas brasileiras diante de mercados mais restritivos, bem como a capacidade de diversificação de destinos das exportações.
Importações em queda e mercado interno como protagonista
O movimento de desaceleração nas importações também reforça a força da indústria nacional. Em julho, o recuo foi de 13,5%, e de janeiro a julho, a queda acumulada chegou a 4%, um sinal de que a demanda vem sendo suprida, em grande parte, com produção doméstica.
O grande motor do crescimento, no entanto, está dentro do Brasil. O mercado interno respondeu por R$ 5,5 bilhões em vendas no mês de julho, um aumento de 9,3% frente a 2024. Somente os tratores foram responsáveis por R$ 4,5 bilhões desse total, confirmando a centralidade da mecanização no planejamento agrícola de pequenas e grandes propriedades.