Os preços do café — tanto o arábica quanto o robusta — enfrentaram forte oscilação ao longo de outubro, refletindo um mercado tensionado por variáveis internas e externas. No Brasil, maior produtor mundial, a comercialização do grão perdeu força diante de um cenário de incerteza, tanto em relação ao clima quanto à conjuntura global.
Enquanto os valores se alternavam com intensidade, produtores preferiram adotar uma postura cautelosa, restringindo a liquidez nas negociações. O movimento foi registrado especialmente no mercado spot, onde as vendas foram pontuais e com margens reduzidas. A instabilidade dos preços, alimentada por rumores sobre mudanças tarifárias e pela expectativa de novas floradas, gerou um ambiente pouco propício para decisões comerciais de longo prazo.
Incerteza externa e condições climáticas em foco
Parte da hesitação dos agentes econômicos também está ligada à possibilidade de exclusão do café da lista de produtos brasileiros com sobretaxa imposta pelos Estados Unidos — um fator que, mesmo sem confirmação, mexeu com as expectativas do mercado. Além disso, o cenário climático no Brasil e no Vietnã, segundo maior produtor global, influenciou diretamente a formação de preços e aumentou a volatilidade nas bolsas internacionais.
No campo, a chegada da primavera trouxe volumes de chuva mais expressivos, especialmente em áreas produtoras de café arábica, o que favoreceu o desenvolvimento das lavouras e ampliou a expectativa para a próxima safra. No Espírito Santo, maior produtor de café robusta, as condições também melhoraram após semanas de seca preocupante, ainda que a recuperação plena das plantas dependa de precipitações regulares nos próximos meses.
Safra 2026/27: floradas em estágio crítico
Com a evolução do ciclo climático, o mercado voltou suas atenções para as floradas da safra 2026/27. Embora as primeiras flores tenham surgido com vigor, o chamado “pegamento” — etapa fundamental para o sucesso da produção — depende da continuidade das chuvas nas principais regiões produtoras. A irregularidade das precipitações até o fim do ano pode comprometer o volume final da colheita e influenciar os preços futuros.
No médio prazo, o comportamento climático será determinante para a oferta global. Por isso, analistas mantêm cautela nas projeções, já que qualquer desequilíbrio na produção brasileira ou vietnamita pode desestabilizar o fornecimento mundial e pressionar os preços.



