Resumo
- As vendas de tratores cresceram 27,5% em setembro, totalizando 6 mil unidades, segundo dados da Fenabrave.
- A expectativa de uma safra promissora tem impulsionado as revendas a reporem seus estoques no setor agrícola.
- O desempenho do setor também mostra alta de 15,7% em relação a agosto e 19,6% no acumulado do ano até setembro.
- Arcelio Junior alerta que juros altos, endividamento e baixa rentabilidade podem frear o ritmo das vendas até o fim do ano.
- Apesar da defasagem nos dados, o relatório confirma a importância crescente das máquinas agrícolas no cenário econômico.
Num cenário de incertezas econômicas, mas também de otimismo no agronegócio, as vendas de tratores registraram um crescimento expressivo de 27,5% em setembro, em comparação ao mesmo período de 2024. Segundo levantamento da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), foram comercializadas 6 mil unidades ao longo do mês, evidenciando uma reação significativa do setor de máquinas agrícolas.
Além da comparação anual, o avanço também se destaca frente ao mês anterior: em relação a agosto, o crescimento foi de 15,7%. Os dados reforçam o movimento de reaquecimento do segmento, num momento em que o campo volta a ganhar protagonismo na economia brasileira.
Expectativa de boa safra impulsiona revendas
De acordo com o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, o desempenho recente pode estar relacionado a uma reorganização estratégica das concessionárias rurais, que começam a se preparar para uma temporada de colheita positiva. “É possível que as revendas estejam repondo estoques de máquinas agrícolas diante da expectativa de uma ótima safra”, afirma.
A movimentação indica que, apesar de um cenário macroeconômico desafiador, os produtores e revendedores enxergam sinais de confiança no médio prazo. A análise, entretanto, não ignora as variáveis que ainda limitam uma expansão mais robusta.
Alta dos juros e endividamento rural ainda preocupam
Mesmo com os números positivos, Arcelio Junior alerta para fatores que podem desacelerar o ritmo das vendas nos próximos meses. “As altas taxas de juros praticadas no mercado, o atual nível de endividamento dos produtores rurais e a baixa rentabilidade podem ser fatores impeditivos para que estes mesmos resultados sejam observados no varejo até o fim deste ano”, pondera o presidente da Fenabrave.
Esse equilíbrio delicado entre otimismo e cautela define o atual cenário do agronegócio no Brasil. Embora os bons índices de produtividade e as perspectivas climáticas favoráveis sustentem o avanço na comercialização de maquinário, o crédito agrícola e a saúde financeira do produtor continuam sendo peças-chave nessa equação.
Panorama dos primeiros nove meses de 2025
No acumulado de janeiro a setembro, o setor também mostrou força: as vendas de tratores cresceram 19,6%, com 39,9 mil unidades comercializadas. Esse resultado, embora positivo, ainda exige análise criteriosa por parte dos especialistas, já que os dados relacionados a máquinas agrícolas são compilados diretamente com os fabricantes, diferentemente dos veículos de passeio, que têm registro diário de emplacamento.
Por conta dessa defasagem, o relatório de máquinas sempre chega ao mercado com um mês de atraso. Ainda assim, os números reforçam a percepção de que o agronegócio, especialmente nas etapas de plantio e colheita, mantém papel fundamental na sustentação da economia brasileira, mesmo em tempos de oscilação.


