Resumo
- O Paraná investe R$ 3,9 milhões em um arranjo de pesquisa para fortalecer e modernizar a cadeia produtiva da erva-mate, com foco em sustentabilidade e inovação.
- A iniciativa reúne universidades, centros de pesquisa e produtores para desenvolver sistemas de cultivo eficientes, processos industriais otimizados e novos produtos derivados.
- Quatro eixos estruturam o projeto: produção primária, processamento industrial, desenvolvimento de produtos e capacitação técnica para aplicação dos resultados no campo.
- Estudos clínicos sobre os benefícios da erva-mate para a saúde e o consumo alimentar ampliado fazem parte da estratégia para diversificar o uso da planta no mercado.
- A participação ativa da Apimate garante que os avanços científicos sejam aplicados na prática, aproximando pesquisa, tecnologia e realidade produtiva.
A erva-mate, símbolo cultural e produtivo do Sul do Brasil, está prestes a iniciar uma nova fase de valorização com foco em tecnologia e sustentabilidade. Com investimento de R$ 3,9 milhões da Fundação Araucária, o governo do Paraná lança um arranjo de pesquisa e inovação com o objetivo de transformar toda a cadeia produtiva — da lavoura ao mercado consumidor.
A iniciativa integra universidades, centros de pesquisa e representantes do setor produtivo em uma articulação inédita, que mira a construção de soluções técnicas, econômicas e sociais em torno da erva-mate. O plano inclui desde o desenvolvimento de sistemas de cultivo mais eficientes até a criação de novos produtos alimentares, farmacêuticos e industriais com base na planta.
Além de sua força econômica, a erva-mate carrega um profundo valor simbólico no Paraná, que lidera a produção nacional com destaque absoluto. Em 2024, nove municípios paranaenses ocuparam o topo do ranking brasileiro — entre eles, São Mateus do Sul, responsável por mais de 17% do volume total colhido no país. Apesar da relevância, o setor tem enfrentado desafios: a produção recuou 11,3% em valor em relação ao ano anterior, somando R$ 522,8 milhões.
Para reverter esse cenário e projetar o futuro do setor, o projeto batizado de NAPI Erva-Mate articula quatro grandes eixos de trabalho. O primeiro deles, voltado à produção primária, será coordenado pela Embrapa Florestas e pretende validar novos genótipos com atributos químicos e sensoriais diferenciados. A proposta é, também, testar sistemas inovadores de cultivo e ampliar a viabilidade econômica das plantações.
No segundo eixo, as atenções se voltam à transformação industrial da erva-mate. A coordenação será da Unioeste, com apoio da UTFPR e da própria Embrapa, e buscará otimizar os processos de secagem, moagem e embalagem da matéria-prima. Um dos objetivos é desenvolver protocolos de classificação sensorial que auxiliem na segmentação da produção conforme o destino final — seja ele chimarrão, tererê ou outros derivados.
Já o terceiro eixo, voltado ao produto e ao consumidor final, conta com a atuação conjunta da UTFPR, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e da organização Sustentec. Com apoio de universidades internacionais, esse núcleo vai se dedicar a estudos clínicos sobre os potenciais efeitos da erva-mate no metabolismo e no sistema cardiovascular, além de mapear as preferências dos consumidores e desenvolver novas formas de consumo. A ideia é, inclusive, ampliar a presença da planta em programas públicos, como a merenda escolar.
O último eixo articula ações de capacitação e devolutiva à sociedade. Liderado pela UTFPR em parceria com o IDR-Paraná, o foco será preparar produtores, merendeiras e técnicos para aplicar os resultados das pesquisas no dia a dia. A comunicação com os diferentes públicos será estruturada por um plano de divulgação ampla dos dados gerados.
A Associação de Produtores e Industriais de Erva-Mate (Apimate) participará ativamente em todos os eixos, atuando como ponte entre a pesquisa científica e a realidade do campo. A expectativa é que, com a validação prática das soluções desenvolvidas, o setor ganhe em competitividade e sustentabilidade, abrindo portas para novos mercados e usos inovadores da planta.



