Em um cenário marcado por incertezas climáticas, movimentações cambiais e aumento de oferta em regiões estratégicas, o mercado global de café registrou, nos últimos 12 meses, uma volatilidade próxima de 41%, refletindo a instabilidade que ronda tanto os contratos futuros quanto os negócios no mercado físico.
No segmento internacional, os contratos do café arábica encerraram a primeira semana de outubro em queda expressiva. A variedade, que tem como uma das referências a florada brasileira, sofreu impacto com a falta de chuvas em importantes regiões produtoras durante o período de floração. Soma-se a isso a expectativa pela colheita principal na Colômbia, país que contribui com peso para a sazonalidade do mercado. No fechamento, o contrato com vencimento em dezembro de 2025 apresentou recuo de 940 pontos, sendo cotado a 381,35 cents por libra-peso. Para março de 2026, a queda foi de 920 pontos, com o preço a 364,95 cents/lbp, enquanto o contrato de maio de 2026 caiu 925 pontos, fechando a 353,25 cents/lbp.
O movimento de baixa também atingiu o robusta, pressionado principalmente pela crescente oferta vinda do Vietnã. De acordo com dados recentes do Escritório Nacional de Estatísticas do país asiático, entre janeiro e setembro houve um aumento de 10,9% nas exportações, totalizando 1,230 milhão de toneladas. No mesmo ritmo, os contratos futuros de robusta recuaram: o vencimento de novembro de 2025 caiu US$ 56 (cotado a US$ 4.471/tonelada), enquanto o de janeiro de 2026 perdeu US$ 58, encerrando a US$ 4.464/tonelada. Já para março do mesmo ano, o preço caiu US$ 51, sendo negociado a US$ 4.416/tonelada.
Além do impacto da colheita vietnamita, há ainda preocupação com os efeitos de fenômenos climáticos, como a passagem de um tufão recente que derrubou frutos ao chão e poderá comprometer o ritmo da colheita, principalmente se for acompanhada de excesso de chuvas — o que poderia desacelerar a chegada do grão ao mercado.
Enquanto isso, o mercado interno brasileiro segue em compasso de espera. As negociações físicas para a safra 2026/2027 apresentam o menor comprometimento de café arábica desde a temporada 2018/2019. Muitos produtores seguem resistentes à comercialização, preferindo aguardar melhores oportunidades diante da oscilação nos preços.
Nas praças acompanhadas pelo setor, o cenário é de retração nos valores. Em Poços de Caldas (MG), o arábica tipo 6 encerrou o dia com queda de 4,18%, sendo cotado a R$ 2.290,00 a saca. Em Guaxupé (MG), a baixa foi de 3,51%, com o grão valendo R$ 2.201,00, enquanto em Campos Gerais (MG) a desvalorização foi de 3,08%, chegando a R$ 2.200,00 por saca. O café cereja descascado também apresentou perdas: em Campos Gerais, a cotação caiu 3%, ficando em R$ 2.260,00, e em Varginha (MG) o recuo foi mais leve, de 0,42%, finalizando a R$ 2.350,00.