O mês de julho vem consolidando um cenário positivo para a colheita da segunda safra de milho no Paraná. De acordo com levantamento divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab), já foram colhidos 64% dos campos cultivados com milho safrinha até esta última segunda-feira. Além da expressiva área já colhida, o que chama atenção são os índices de produtividade alcançados em diversas regiões, alguns dos quais estão sendo considerados entre os melhores de toda a série histórica registrada pelo órgão.
Em muitas localidades, a colheita já ultrapassou 70% da área plantada e, surpreendentemente, até mesmo lavouras que foram afetadas por geadas em estágios iniciais apresentam desempenho acima do esperado. O tempo firme, predominante ao longo de grande parte do mês, contribuiu diretamente para a boa formação dos grãos, favorecendo também a operação das colheitadeiras.
Apesar disso, os últimos dias trouxeram chuvas pontuais que interromperam o trabalho no campo em algumas regiões. Por outro lado, essa precipitação contribuiu para manter a qualidade das áreas ainda em pé, especialmente onde o solo apresentava ressecamento acentuado. Houve também registros de acamamento — quando o milho é derrubado por ventos fortes —, o que pode impactar o rendimento final em algumas lavouras mais expostas.
Segundo o Deral, as áreas que ainda aguardam colheita estão, em sua maioria, na fase de maturação (89%), com o restante em frutificação (11%). Em relação à avaliação da saúde das plantações, o relatório aponta que 60% delas estão em condição boa, 23% em condição média e apenas 17% em situação considerada ruim.
Além do avanço na colheita, o desempenho robusto do milho nesta temporada já está influenciando o planejamento da próxima safra 2025/26. A expectativa é de aumento na área destinada ao milho, tanto na safra de verão quanto na safrinha, especialmente em função dos preços menos atrativos do feijão, cuja comercialização segue lenta e com valores em queda. Muitos produtores já cogitam reduzir a área de feijão, priorizando o cereal como alternativa mais rentável e com menor risco de mercado, desde que os prazos do zoneamento agrícola sejam respeitados.
Enquanto isso, o cultivo do trigo segue em bom ritmo no Estado. A maior parte das lavouras encontra-se em estágios reprodutivos, com desenvolvimento promissor. As áreas estão divididas entre desenvolvimento vegetativo (40%), floração (23%) e frutificação (36%), mantendo-se, em sua maioria, em condição considerada boa (83%). Apenas uma pequena parcela é classificada como média (10%) ou ruim (7%).
As chuvas recentes também foram fundamentais para reverter parte do estresse hídrico causado pela estiagem prolongada, principalmente em solos mais rasos. A melhora na umidade permitiu a retomada de práticas importantes como os tratos fitossanitários, e a aplicação de defensivos foi restabelecida em diversas regiões. Em áreas do Norte do Paraná e em lavouras plantadas fora do período recomendado pelo zoneamento, onde as geadas foram mais severas, ainda se mantém uma expectativa de produtividade inferior.